15 abril, 2018

O REGRESSO AO TOPO.


SL BENFICA-FC PORTO, 0-1

Calma! Muito calma, consócios! Ainda não vencemos nada. Apenas conquistámos 3 pontos importantes. Recuperámos o primeiro lugar perdido há duas jornadas anteriores. Nada mais do que isso. Não deitem foguetes antes da festa e contenham a vossa euforia.


Eu percebo as vossas reacções de alegria, mas a hora é de concentração absoluta nas quatro (cinco se contarmos a taça de Portugal) batalhas que temos pela frente. Sim, serão autênticas batalhas. Nada será fácil, nada será dado por adquirido. Muitas armadilhas e muitas estratégias baixas estão aí ao virar da esquina para nos fazer tropeçar. Não tenham dúvidas.

Serão quatro finais para jogar e para vencer como se fossem quatro finais da champions league. Teremos de estar no máximo das nossas faculdades para conseguirmos alcançar a vitória em cada um dos jogos. V. Setúbal, Marítimo, Feirense e V. Guimarães serão quatro grandes obstáculos que teremos que ultrapassar. Os nossos heróis vão necessitar do nosso apoio, do mar azul e de total concentração.

Mas antes vamos ter outra batalha já na Quarta-feira onde jogaremos o acesso à final do Jamor. Uma coisa de cada vez. Não há tempo para festejarmos a vitória desta tarde. Foi bom, foi um importante passo, foi um grande élan para a nossa equipa, mas agora é hora de reunir as tropas e começar desde já a pensar no jogo em Alvalade com o Sporting.


O jogo desta tarde foi bastante intenso com duas partes ligeiramente diferentes. Na primeira, o FC Porto permitiu o ímpeto do Benfica e foi aguentando as tentativas do adversário para depois em contra-golpe chegar à baliza de Varela. Além disso, os Dragões montaram uma estratégia que visava controlar o adversário no primeiro tempo e aumentar a intensidade na etapa complementar, provocando desequilíbrios e forçar a equipa da casa a um desgaste extra.

Marega foi a grande surpresa da partida. Lesionado há mais de um mês e a recuperar lenta e gradualmente, o maliano encontrava-se, supostamente, a fazer treino condicionado e trabalho de ginásio na véspera do encontro. O avançado portista revela-se uma peça fulcral na manobra atacante dos Dragões. Sem Marega, a máquina portista emperra em termos ofensivos.


A equipa da casa foi mais acutilante e teve maior iniciativa na primeira parte. Teve dois lances de relativo perigo na primeira meia hora e, a fechar o primeiro tempo, Pizzi aproveitou mal um corte deficiente de Marcano. Casillas fez uma grande defesa a remate do jogador benfiquista. O FC Porto, pelo seu lado, tentava explorar os espaços concedidos pela equipa contrária e Marega era a peça que funcionava como principal alvo à baliza benfiquista. Soares deu um ar da sua graça durante o primeiro tempo com um remate ao lado, mas Marega protagonizou o último lance da etapa inicial ao rematar a rasar o poste, após cruzamento de Ricardo.

Na etapa complementar, o jogo mudou de figura. Os Dragões começaram a subir no terreno e procuraram a baliza adversária com mais determinação. Logo no início, Marega, desmarcado na área, controlou mal a bola e quando rematou já tinha Varela em cima do lance.

O FC Porto tinha o jogo controlado e o ascendente na partida. A equipa da casa ficava-se por ameaças vãs, ao contrário dos Dragões que queriam vencer mais o jogo do que o próprio Benfica. A defesa e o meio-campo portistas, algo periclitantes no primeiro tempo, mostravam-se bastante confiantes e o trio ofensivo começou a aparecer com mais frequência no último terço do campo.


Brahimi, depois de uma primeira parte que me deixou com os nervos em franja, começou a abrir o livro. Deixou de aparecer no miolo para se soltar mais na ala. E foi por aí que começou a mostrar o seu futebol, provocando alguns desequilíbrios ao adversário. Aos 66 minutos, o argelino quase fazia golo com um remate em arco que surpreendeu o guarda-redes contrário.

O Benfica dava mostras de algum nervosismo e sentiu necessidade de recuar no terreno. Perante o ascendente azul-e-branco, o treinador da equipa da casa operou substituições que mostraram inequivocamente o receio de sofrerem um golo e perderem, desse modo, a liderança da prova.

Sérgio Conceição arriscou mais. Para além de retirar dois jogadores amarelados (Otávio e Sérgio Oliveira), colocou Óliver e Corona para tentar chegar ao golo e refrescou ainda o ataque com Aboubakar no posto de Soares. Com a manutenção da atitude e da postura ofensiva, o treinador portista acabou por ser feliz na discussão do resultado.


Aos 90 minutos, quando o empate já se sentia no estádio, os Dragões acreditaram e Herrera, aproveitando um alívio à entrada da área contrária, desferiu uma “bomba” que só terminou nas malhas de Varela. Era a loucura total num estádio que só não se apagou e nem se inundou porque não calhou.

Herrera, o “Capitão”, o patinho feio, o mal-amado, foi o herói da noite com um golo que pode valer mais do que três pontos e mais do que o regresso ao topo.

O FC Porto pernoita em Tróia onde ficará até Quarta-feira, dia em que jogará a 2ª mão das meias-finais da Taça de Portugal. Ao intervalo da eliminatória, os Dragões encontra-se a vencer por 1-0 e, com toda a certeza, não pretendem desperdiçar a oportunidade de poder estar presentes no Jamor no próximo dia 20 de Maio.




DECLARAÇÕES

Sérgio Conceição: “Ainda não ganhámos nada”

A análise ao jogo
“Foi um jogo equilibrado. Um grande jogo, se calhar não muito espetacular, mas extremamente competitivo. O Benfica é muito forte, principalmente nas primeiras partes. Sabíamos disso. Tiveram uma ou outra situação, nós também. A segunda parte foi totalmente nossa. Não me lembro de uma situação de perigo na nossa baliza. Estou a lembrar-me da situação do Brahimi, da situação do Marega, depois o golo do Herrera. O resultado acaba por ser justo. Ganhámos este jogo mas ainda não ganhamos absolutamente nada.”

À procura da vitória
“As substituições que foram feitas foram sempre no sentido de dar algo mais à equipa ofensivamente. Cada treinador vê o jogo à sua maneira. Se não fossemos nós a marcar o golo, se fosse o Benfica, se calhar as pessoas diziam que as substituições do Rui Vitória tinham sido bem feitas. Há um determinado momento do jogo, por volta dos 75 minutos, em tive de optar por tirar o Sérgio, que já tinha o amarelo. A primeira substituição foi por isso, as outras duas foram claramente para ganhar o jogo.”


Lance reclamado pelo adversário
“Não me parece absolutamente nada. Penso que o VAR é a da mesma opinião. Analisaram, o árbitro e depois o VAR e, neste caso, concordo com eles.”

Sobre a estratégia para o jogo
“Sabíamos que era importante equilibrar o jogo. A nossa equipa criar sempre lances, situações no nosso processo ofensivo. Não pensei apenas em organizar a equipa defensivamente. A base para se ganhar, ainda por cima frente a um adversário forte, é a coesão defensiva. Mas não viemos para aqui defender. Viu-se uma equipa coesa, madura, que é forte ofensivamente. Foi dessa forma que, numa dessas situações, conseguimos fazer o golo.”

As contas do título
“Uma coisa é certa: nas últimas três ou quatro semanas sentimos o dissabor de não ganhar dois jogos que eram para ganhar. Mas não ganhámos absolutamente nada. Agora vamos pensar no jogo de quarta-feira para a Taça de Portugal, depois no jogo com o Vitória de Setúbal, que vale exatamente os mesmos pontos que este. Ganhando três pontos e o adversário direto não, é sempre positivo, mas ainda há muito campeonato para disputar.”


Sobre a justiça da classificação
“A justiça é vista pelos resultados. Estamos em primeiro mas ainda não conseguimos absolutamente nada. Tivemos dois jogos em que não conseguimos ganhar. A mensagem é esta: respeito pelos adversários porque ainda não ganhámos nada, ainda não conseguimos nada. O passado recente deixa-nos desconfiados e alerta para as últimas quatro jornadas”

Os parabéns a Héctor Herrera
“Já tive a oportunidade de contar esta história. Quando ainda não estava no FC Porto, e conhecendo o clube, perguntei: ‘Um mexicano capitão de equipa?’ Mas comecei a trabalhar com ele e percebi porquê, é um profissional fabuloso. Ficou ligado a um a outro momento menos positivo, mas é uma pessoa extraordinária, um profissional fantástico e que consegue no fundo criar um ambiente muito bom. É um verdeiro capitão e fico muito contente por ele.”


RESUMO DO JOGO

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