11 janeiro, 2018

O FUTEBOL DA PEQUENADA.


Não é de hoje, nem de ontem. É já de há uns anos a esta parte. Sim, já há algum tempo que nos vimos a aperceber que certos clubes pequenos dão tudo contra o Porto e, pelo contrário, parecem extremamente relaxados e conformados nos jogos contra o Benfica.

Podíamos, claro, começar por falar do Belenenses e do escandaloso caso de Miguel Rosa, que se repetiu sucessivamente épocas a fio sem que nenhuma autoridade federativa se pronunciasse. Podíamos ainda voltar a referir esse clube lisboeta cuja Benfica SAD está listada no seu PER, com uma dívida bastante elevada. Além disso, viemos a saber recentemente através de ficheiros divulgados online que o Benfica terá feito uma transferência avultada para o Belenenses, transferência essa que o Belenenses prontamente esclareceu como sendo referente à aquisição dos direitos desportivos de Dálcio Gomes. Sucede que, por azar, os documentos relativos a esse negócio foram também colocados na internet e revelam valores totalmente díspares, não batendo a bota com a perdigota.

Mas há demasiadas coisas estranhas a acontecerem no futebol português. Demasiadas. Podíamos falar das incríveis 8 faltas do Tondela frente ao SLB, quando comparadas com as 27 faltas contra o FC Porto, bem acima da média do Tondela no campeonato (em redor das 20).

Podíamos, além disso, descrever o goal-average do Tondela frente ao FC Porto e Benfica nos últimos 5 jogos entre ambos: 6-1 vs 19-2. Podíamos ainda elencar, sem necessidade de mais detalhes, os últimos treinadores do Tondela: Vítor Paneira, Rui Bento, Petit e Pepa.

Podíamos ir por aí, mas não vamos. Vamos é por exemplo pegar nas palavras de Sérgio Vieira, treinador do Moreirense que justificou assim a derrota da sua equipa: “Fomos pouco pressionantes no primeiro tempo, demos muito espaço ao SLB para criar, fomos pouco agressivos na pressão ao portador da bola, foi pena”.

Foi pena, certamente, mas não foi surpresa. Aliás, é o normal quanso se defronta o Benfica. Afinal de contas, se um treinador não prepara a sua equipa para fechar espaços e pressionar um grande do futebol português quando vai jogar a sua casa, é caso para perguntar: o que anda esse treinador a fazer durante a semana? Os dirigentes  e adeptos do Moreirense que esclareçam...

Podíamos recuperar aqui também a suavidade das declarações dos treinadores da pequenada quando defrontam o SLB. Invariavelmente sai o seguinte das suas bocas: “parabéns ao SLB, foram melhores, foram justos vencedores, a sua qualidade veio ao de cima, hoje não era o nosso dia, para a semana há mais”. No entanto, nos tempos mais recentes, vêm aprimorando a continência: quem não se lembra do treinador do Estoril a pugnar veementemente na conferênca de imprensa para que se discuta o jogo, recusando-se a avaliar se a sua equipa havia sido prejudicada por decisões do árbitro da partida?

Ainda assim, há coisas ainda mais estranhas a passar-se por aí. O tal G15 menos 2, esse movimento de clubes pequenos encabeçados por Salvador (o mais pequeno dos pequenos), deixou a careca a descoberto, dizendo que “o FC Porto e Sporting se deviam comportar como o Benfica”. Nem de propósito, Vieira e Salvador foram apanhados a conversar às escondidas num hotel bracarense, em vésperas de um importante Braga x Benfica. Coincidências, dirão alguns leitores. Mais uma, direi eu. E apetece perguntar: para que serve verdadeiramente este G15 e qual o seu objectivo?

Depois, há aqueles azares típicos de clube pequeno, que sucedem sempre com o SLB e nunca com o FC Porto: laterais a escorregar em lances decisivos; passes directamente para os pés de jogadores do SLB, laterais a esquecerem-se de jogadores nas suas costas, e por aí fora. Um longo rol de erros, lapsos, azares e azarinhos. Como ainda este fim-de-semana em Moreira de Cónegos.

Finalmente, começam a surgir aqui e ali boatos e vozes de que a PJ estará a investigar 5 jogos do SLB, onde existirá a suspeita de que determinados jogadores foram pagos para perder, através de supostos aliciamentos perpetrados por intermediários e empresários ligados ao SLB. As coisas começam a fazer sentido…

Todas estas notícias são boas para percebermos que não é da nossa cabeça, nem é do menor fulgor físico dos atletas do FC Porto. Como seria possível, aliás, que os centrais dos chamados pequenos mostrassem tanta dificuldade em parar um Jonas com 33 anos e que em Espanha foi conotado como o pior avançado da história do Valência e pelo contrário, mostrassem tanta frescura e boa forma na feroz marcação que fazem ao jovem Aboubakar, potente e explosivo camaronês que se impôs nos campeonatos francês e turco?

Podíamos ainda referir o Estoril Gate, aquele caso único a nível europeu no qual um clube da I Divisão que habitualmente joga no Estoril se decide mudar de armas e bagagens, numa jornada, para o Algarve, com a justificação de aumentar as suas receitas de bilheteira, optando assim por jogar em terreno neutro.

Podíamos ainda falar do grandioso Rio Ave, esse satélito mendesiano, que pelos vistos tem vários jogadores seus envolvidos em casos de corrupção, tais como Roderick e Marcelo (Roderick, esse grande central que curiosamente, mesmo depois de andar nas bocas do mundo devido a esta situação, é alvo do Braga de Salvador), que prontamente veio esclarecer que nada de estranho se passa nos Arcos e que tudo isto é uma cabala.

Há algo aqui que não bate certo há muitos anos, desde logo quando vemos a forma como o Feirense festeja de punhos cerrados cortes conseguidos em lances divididos com os nossos extremos. Sabemos que é normal querer ganhar a um grande, compreendemos que seja aceitável dar tudo por tudo para vencer uma equipa do gabarito europeu do FC Porto, aceitamos tudo isso de bom grado. Só temos dificuldade em perceber é a apatia, a falta de frescura e a opção pelo futebol positivo e de menores preocupações defensivas quando está em causa o SLB.

Aguardemos pelas cenas dos próximos capítulos.

Rodrigo de Almada Martins

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