17 outubro, 2017

DRAGÃO SALVOU-SE DA GOLEADA.



LEIPZIG-FC PORTO, 3-2

O FC Porto que se apresentou em Leipzig foi completamente trucidado pelo futebol da equipa alemã. Apresentando um onze muito semelhante ao utilizado no Mónaco, Sérgio Conceição decidiu colocar José Sá no lugar de Casillas, um posto muito específico numa equipa de futebol.

Já muito foi falado sobre esta troca de guarda-redes, algum ruído fez-se sentir entre adeptos mas a comunicação social tratou logo de empolar a situação, fazendo disto um caso de indisciplina ou coisa que o valha.

Não faço ideia o que se passou para haver esta troca. Prefiro aguardar pelos próximos jogos para ver o que se vai suceder mas se me perguntarem se concordei com esta opção, direi abertamente e claramente que não.

Porquê?


Simples. Se foi um caso de indisciplina, talvez esta mudança poderia ter sido feita no jogo do próximo fim-de-semana, um jogo teoricamente menos exigente. Se foi por opção técnica, direi que Sérgio Conceição cometeu novo erro depois de já o ter feito na jornada inaugural com o sistema tático apresentado frente ao Besiktas durante a primeira parte.

Podem falar que no Mónaco também arriscou colocando Sérgio Oliveira no meio-campo mas as coisas correram bem e não se fala nisso. Claro, concordo. Quando as coisas correm bem, não se critica, quando correm mal, fala-se. É assim no futebol e é assim em muitas situações na vida.

O certo é que se o jogo desta noite tivesse corrido mal mesmo com Casillas, já não se falaria como se falou ontem e hoje entre adeptos e comunicação social.

Sérgio Conceição declarou completa indiferença perante o ruído que se faça ou não sobre esta troca. Pode dizer isso mas indiferença não é de forma nenhuma. Ou então o homem não está consciente como diz estar.

Não quero especular sobre isto porque posso estar a meter a “pata na poça” mas relembro apenas aos leitores desta crónica o episódio vivido no Estádio do Bessa em fins de Agosto de 2002. Na altura, o episódio acabou em bem. Esperemos que desta vez volte a correr igualmente bem.


O certo é que o FC Porto foi para o jogo e sentiu desde o minuto inicial uma pressão muito intensa e fortíssima da equipa do Leipzig. Os Dragões foram sufocados na saída de bola da sua área e depois a equipa contrária surgiu a com cinco/seis homens na área portista para a finalização. Foi um sufoco.

Não estranhou que aos 8 minutos Orban inaugurasse o marcador para o Leipzig. José Sá abordou mal um remate de fora de área, a bola sobrou para Orban que rematou para a baliza deserta.

Os portistas não conseguiam construir jogadas de troca de bola. Faziam um pouco de jogo aéreo e de pontapé para a frente. O Leipzig continuava, pois, a massacrar o FC Porto.

Apesar disso, com alguma surpresa, os Dragões conseguiram empatar num lance aéreo. Estavam decorridos 18 minutos quando Layún fez um lançamento lateral longo para a grande área, Marcano e Felipe de cabeça ganharam a bola e Aboubakar, à meia-volta, atirou de pé esquerdo para a baliza.

Esperava-se que este golo pudesse colocar em sentido os alemães e acordasse os portistas para o jogo. Mas a dinâmica de jogo do Leipzig não baixou e a equipa portista sentiu as transições ofensivas de uma forma bastante intensa. Os alemães apresentavam um jogo pela zona central e de uma verticalidade vertiginosa. Criavam calafrios à equipa de Sérgio Conceição.


Depois de algumas oportunidades desperdiçadas, o Leipzig marcou dois golos no espaço de três minutos e quase que sentenciou a partida. Aos 38 minutos foi Forsberg a colocar o resultado em 2-1 e aos 41 minutos, Augustin, aproveitando um erro de Marcano, aumentou para 3-1.
Temeu-se o pior porque o Leipzig continuou a ser uma equipa perigosa. Mas os Dragões numa das poucas investidas à área contrária reduziu para 3-2 ao terminar o primeiro tempo. Alex Telles cobrou um pontapé de canto, Herrera assistiu Marcano na pequena área e reduziu o marcador, redimindo-se do erro anterior.

Na segunda parte, apesar do Leipzig não se apresentar com a mesma intensidade, o certo é que o FC Porto não foi capaz de reagir. O seu futebol ficava-se por tentativas bastante frágeis para uma equipa com ambições na Champions League.

Sérgio Conceição operou substituições com as entradas de Óliver, Corona e Hernâni. A nível de efeitos práticos, apenas o mexicano conseguiu criar algum perigo com jogadas individuais mas as tentativas não passaram de ameaças.

O FC Porto caiu para o 3º lugar no grupo G, sendo ultrapassado pelo adversário de ontem que tem mais um ponto que os Dragões. Em caso de vencerem o Leipzig no Dragão na próxima jornada, os azuis-e-brancos voltarão ao 2º lugar. Mas aos portistas vai ser exigido muito mais para poderem levar de vencida esta equipa que, apesar de não ter muitas individualidades, é uma equipa compacta e perigosa no contra-golpe. Sérgio Conceição deverá ter em conta os erros e reflectir sobre eles. Mas para já, o FC Porto terá dois jogos em casa em breve. No Sábado, recebe o P. Ferreira para a Liga NOS, jogo importante para manter a liderança. E três dias depois, recebe, também no seu reduto, o Leixões para a Taça da Liga.




DECLARAÇÕES

Sérgio Conceição: “Cometemos erros que não são normais”

As razões da derrota
“É uma equipa com um grande poderio físico, muito intensa e agressiva na recuperação da bola. Cometemos alguns erros na defesa que não são normais, mesmo frente a uma equipa com estas caraterísticas e que nos deu dissabores na primeira parte, apesar de sentir que, quando chegávamos à frente, o fazíamos com algum perigo. Sinceramente, voltando à preparação do jogo, faltou-nos a tal consistência na defesa para partir para uma exibição mais confortável e tentar ganhar o jogo.”

Lições para a receção ao Leipzig
“Estou cá para analisar o que não foi bem feito, sabemos que temos agora dois jogos em casa e um fora na Liga dos Campeões. É uma derrota que nos custa, não estamos habituados a perder. Perdemos conta uma equipa forte, muito sólida e que jogava em casa uma partida essencial para as suas aspirações. Mas ainda falta algum tempo para recebermos o Leipzig, vamos descansar e pensar no jogo com o Paços de Ferreira, que é muito importante para nós no Campeonato Nacional.”


A titularidade de José Sá e Casillas no banco
“Achei que a melhor equipa era constituída pelos 11 que começaram. Cabe-me a mim escolher os 11, os sete que ficam no banco e infelizmente tive de deixar três jogadores de fora. Vamos ver no futuro, hoje foi assim, os jogos são diferentes. Foi uma opção técnica, sou treinador, tenho de decidir, pouco me importa o ruido se decido em consciência.”

Desculpas aos portistas no estádio
“Tenho que pedir desculpa e agradecer ao público que veio apoiar-nos. Quando fui cumprimentar os jogadores estava a rever o jogo e passou-me completamente, vim para o balneário de forma ingénua, sem agradecer o apoio dos adeptos. Cheguei ao balneário e pensei nessa situação, que não é normal em mim.”



RESUMO DO JOGO

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