11 fevereiro, 2017

A VITÓRIA DA UNIÃO.


VITÓRIA GUIMARÃES-FC PORTO, 0-2

Grão a grão, assim vai o Dragão. Assim se fazem os campeões com vitórias como a desta noite. Com união, entreajuda, sacrifício, paciência e solidariedade.

Vimos, pela segunda vez consecutiva, um FC Porto a dar a iniciativa ao adversário, mas não se pense que este FC Porto é submisso ou permissivo. Nada disso. Direi que é um FC Porto bastante pragmático. Faz do seu objectivo prioritário a vitória, independentemente da exibição, do jogo bonito ou da posse de bola. E bem!


Para quê ter 70%, 75% ou 80% de posse de bola, se depois não se criam oportunidades? Por isso, este Dragão prefere controlar o jogo, baseado numa boa consistência defensiva, convida o adversário a avançar no terreno, mas não lhe permite construir jogo. E depois torna-se cínico na forma como ataca a baliza adversária.

Tem-se falado muito da qualidade defensiva do FC Porto e, por inerência, do seu sector mais recuado: Guarda-redes, defesa e trinco. Desde os tempos do Mestre Pedroto que as equipas azuis e brancas foram habituadas a construir de trás para a frente. Começavam por uma boa organização defensiva e depois, sim, passava-se à construção ofensiva.

Foi desta forma que o FC Porto, ao longo dos anos, começou a construir equipas fortes, competitivas, capazes de se bater de igual para igual com os maiores do futebol europeu e a alcançar vitórias jamais imagináveis no comum adepto. Muitas vezes, as equipas do FC Porto de José Maria Pedroto e seus sucessores baseavam o seu jogo neste paradigma. E perante equipas superiores, faziam do rigor tático, da organização defensiva, do contra-golpe e do sacrifício em prol do grupo as suas armas.

Numa época em que o FC Porto manifesta claramente a vontade de voltar a vencer, de quebrar a travessia no deserto que caminha para os 4 anos e de mostrar a todos os seus sócios e adeptos que está aqui para regressar aos tempos de vitória, nada melhor do que jogar como joga e de adoptar a postura que tem sido adoptada nos últimos tempos.


Alguém, nos tempos não muito distantes, lembrar-se-ia ou passar-lhe-ia pela cabeça que, por exemplo, o Brahimi pudesse fazer o trabalho defensivo que faz e os sacrifícios a que se submete em detrimento do seu jogo individual, das suas “rotundas” e da sua capacidade de resolver um jogo? Ninguém no seu perfeito juízo poderia pensar tal coisa.

É evidente que há trabalho feito. É evidente que isto não cai do céu. É claro que o treinador tem a sua responsabilidade e mérito. Mesmo que aqui e acolá, eu veja muitas lacunas nas suas decisões recentes e distantes em vários jogos e em momentos decisivos de alguns jogos.

Sou e fui muito crítico não raras vezes em relação a Nuno Espírito Santo, mas também se for motivo para elogiar, dar-lhe mérito e reconhecer-lhe qualidades, fá-lo-ei sem qualquer tipo de hesitação.

Não sou apologista de NES, nem da forma como dirige e gere a equipa durante os jogos, mas tenho a forte esperança que possa levar esta equipa a bom porto, dando, ainda esta época, uma alegria a todos os sócios e adeptos portistas.

E para terminar este primeiro ponto de análise, há que colocar a cereja no topo do bolo: Soares. O FC Porto terá acertado na mouche ao contratar o brasileiro Soares ao V. Guimarães no mercado de inverno. Com Soares, o FC Porto fica claramente mais forte.

Não apenas mais forte pelos golos que marca. Fica mais forte enquanto equipa. Com Soares, o FC Porto não é tão curto. Com Soares, o FC Porto consegue chegar com mais facilidade à área contrária. O ponta-de-lança brasileiro empresta à equipa agressividade e presença na frente de ataque, para tristeza de muitos idiotas. Por um lado, aos que pretendem passar a hipócrita imagem de que é um jogador faltoso, digo que a “cotovelite” é tramada. Por outro, aos que garantiam que Soares não poderia jogar no jogo desta noite, aconselho a continuarem a “vomitar” asneiras avençadas.


O certo é que Soares jogou, fez jogar, sacrificou-se em prol do grupo, foi um elemento que desgastou a equipa contrária e fez mais um golo. Temos pena!

O FC Porto jogou esta noite no D. Afonso Henriques um jogo importantíssimo na caminhada para o título e obteve mais três pontos preciosos. Os Dragões fizeram um jogo de grande atitude e quebraram um jejum de quase quatro anos sem vencer o V. Guimarães para o campeonato no seu próprio estádio.

Além disso, os Dragões parecem estar em franca ascensão de forma. A regularidade nos resultados e a quinta vitória consecutiva na Liga NOS, assim o indica. É um bom prenúncio para o que aí vem nas próximas semanas.

Os Dragões terão cinco jogos para a Liga NOS antes da deslocação ao Estádio da Luz, sem esquecer de que, pelo meio, os portistas terão dois jogos frente à poderosa Juventus, pentacampeã italiana, a contar para os oitavos-de-final da Champions League.

Perante um V. Guimarães limitado e sem algumas peças no seu xadrez, os Dragões sabiam ao que vinham e sabiam muito bem o que pretendiam esta noite na cidade-berço. Nuno Espírito Santo mudou o onze em relação ao jogo com o Sporting. Preencheu o miolo com A. André e Herrera e relegou Óliver e Corona para o banco de suplentes.

Na primeira parte o jogo foi muito mastigado, muito lento e sem oportunidades de registo. Maxi fez um remate aos 7 minutos à figura de Douglas e aos 10 minutos os vitorianos responder com um remate de Rafael Martins ao lado da baliza de Casillas.


O FC Porto, jogava com agressividade e anulava a tentativa de jogo do V. Guimarães com certa facilidade. Mas o jogo não atava, nem desatava.

Aos 36 minutos, surge o primeiro golo. Lance que começa junto à linha de fundo no pé esquerdo de Alex Telles com um cruzamento para a cabeça de Herrera. A bola sobra para André Silva (irreconhecível) que numa tentativa de remate, desmarcou e isolou Soares. A defensiva do V. Guimarães ficou parada, pouco lesta a deixar o avançado portista em jogo na cara de Douglas que só teve que picar a bola para a baliza.

O FC Porto colocava-se na frente do marcador sem ter feito nada para tal mas é assim que muitas vezes se vencem jogos e, quiçá, campeonatos. A eficácia, o pragmatismo e o cinismo muitas vezes resolvem partidas.

A fechar o primeiro tempo, Casillas ainda seguiu uma bola com os olhos quando Raphinha rematou de fora da área com a bola a passar junto ao seu poste esquerdo.

De regresso do intervalo, o FC Porto manteve o mesmo onze. Tal como com o Sporting, mas menos visível, os Dragões deveriam, no meu ponto de vista, fazer mudanças. NES tem outra ideia e o jogo reata com a mesma nuance.

Só aos 65 minutos é que o treinador portista operou a primeira mudança. Corona entrou para o lugar do inexistente André Silva. O jovem avançado portista que já vinha em decrescendo de forma, antes da chegada de Soares, começa a dar sinais de completo apagão na equipa azul e branca. Uns jogos de fora ou no banco, talvez lhe fizessem bem.

A partir daqui o FC Porto passou para o seu tradicional 4x3x3, numa altura em que o V. Guimarães ia revelando sinais de desgaste e incapaz de encontrar soluções para contrariar os Dragões. Os portistas começaram a subir mais no terreno e a criar dificuldades na defensiva vitoriana, nomeadamente por Felipe e Danilo.


Esta tendência aumentou quando Brahimi cedeu o lugar a Diogo Jota e quando Óliver Torres substituiu A. André. O avançado português criou no espaço de 10 minutos três oportunidades de golo, concretizando a terceira após uma desmarcação em profundidade de Alex Telles. O resultado estava feito aos 86 minutos.

O jogo terminaria pouco depois com mais três pontos que recolocaram o FC Porto colado ao líder. Os Dragões recebem o Tondela na próxima Sexta-feira a contar para a 22ª Jornada e poderão chegar à liderança, aguardando pelo jogo do líder em Braga dois dias depois.

O jogo com o Tondela antecede o regresso à Champions League, prova em que o FC Porto vai defrontar a Juventus no Estádio do Dragão na Quarta-feira dia 22 de Fevereiro. Mas o objectivo imediato são os três pontos da próxima Sexta-feira.

Destaque final para a grande moldura humana no Estádio D. Afonso Henriques e o apoio maciço que os Dragões tiveram nesta visita a Guimarães. Estimam-se que estiveram cerca de 5.000 adeptos azuis e brancos nas bancadas.



DECLARAÇÕES

Nuno: “Os jogadores deixaram tudo em campo”

Vitória importante
“Uma vitória importante, em casa de uma grande equipa, apoiada, que tinha o apoio do seu público, e onde é sempre complicado para o FC Porto jogar. Nós conseguimos o mais importante que era vencer e fizemo-lo de uma forma convincente e dominadora. Alcançámos o objetivo a que nos tínhamos proposto hoje, estamos na melhoria da nossa produção fora de casa. O importante foi a conquista dos três pontos e continuar na luta.”


Três pontos justos
“Tivemos muitas oportunidades de golo e não me recordo de uma defesa do Iker Casillas, a não ser uma em que o adversário já estava em fora de jogo. Fomos sólidos defensivamente, pressionámos o adversário para que não construísse o seu jogo e conseguimos chegar ao golo na primeira parte, mantendo o jogo sob controlo de uma forma muito dominador. Na segunda parte podíamos ter feito o golo mais cedo. O triunfo é merecido.”

As escolhas e as soluções
“Era o onze que achávamos melhor para este jogo. O que pretendemos é que a equipa esteja capacitada para ser versátil e para responder de forma adequada ao que o momento do jogo pede. Temos várias opções no plantel e isso é que deve ser salientado. O que para nós é fundamental é o dia-a-dia, a maneira como os jogadores trabalham e se aplicam é que faz com que nós, equipa técnica, procuremos sempre tomar as melhores decisões e tirar partido dos melhores momentos dos jogadores. Foram estes hoje, fizeram todos um bom trabalho, mas se tivessem sido outros, o trabalho teria sido igualmente positivo. Isto é que os faz acreditar que a grande força do FC Porto é o grupo, a maneira como ele trabalho e a sua união em torno de um único objetivo.”

Agradecimento ao 12.º jogador
“O FC Porto tem a obrigação de vencer sempre os seus jogos. Estamos na procura de melhorar a nossa prestação fora de casa e só temos que agradecer o apoio que tivemos hoje, com a presença maciça dos nossos adeptos, que nos fizeram sentir em casa, como se estivéssemos a jogar no Estádio do Dragão. A melhor maneira que temos de retribuir é com o trabalho que fazemos em campo. Os jogadores deixaram em campo tudo o que tinham e isso é que é importante.”

Os desafios que se aproximam
“Sabemos que se aproximam grandes desafios. O próximo é já na sexta-feira, esse é o mais importante e a nossa obrigação é a de vencer.”

O contributo de Soares
“Temos a consciência de que a chegada de novos jogadores desde o momento em que o mercado abriu teria que ser muito assertiva. O Soares veio dar-nos mais soluções, equilibrou o plantel e é bom que tenha dado resposta no jogo passado, no de hoje e que continue essencialmente a contribuir com o seu trabalho para a equipa.”



RESUMO DO JOGO

3 comentários:

  1. Lembro-me bem há uns anos atrás o AC Milan, desfalcado do van basten mas com o Jean-Pierre Pain, vir ao saudoso estádio das Antas vencer por 2-0 e, precisamente com dois golos desse avançado francês. Creio que nunca massacramos tanto uma equipa italiana como nesse jogo. Kostadinov e Domingos fizeram os possiveies e os impossiveis para o FC PORTO vencer. Mas não conseguimos. No final do encontro, muita gente disse: as grandes equipas são assim, aproveitam bem as poucas oportunidades que possam ter em certos jogos!!!

    Pena é que haja portistas que continuam achar que o mais importante não é vencer, mas ter... posse de bola!

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