24 outubro, 2016

BONS SINAIS DENTRO DE CAMPO... MAS, E FORA DELE?


Após um início de época bastante acima das expetativas da maioria dos Portistas, cujo epicentro foi a eliminação da Roma, equipa que neste momento discute taco a taco o “scudetto” com a Juventus, a verdade é que o FC Porto regrediu surpreendentemente com vários deslizes no mês de setembro, nomeadamente, empates frente a equipas fraquitas, tais como os "sarrafeiros de tondela" e os dinamarqueses de Copenhaga. O final do mês trouxe a "cereja no topo do bolo", com uma derrota em Leicester, num jogo que apesar de inglório por algumas oportunidades desperdiçadas nos últimos minutos, colocou o cenário na Champions nada simpático, 1 ponto em 2 jogos e obrigatoriedade de ganhar os dois jogos ao Brugges sob pena do apuramento se tornar uma miragem.

Felizmente, o mês de outubro tem sido frutuoso e aliviou as nuvens negras que já pairavam no Dragão, um clube habituado a ganhar muito e com grande à vontade nas últimas décadas. O 2º lugar foi recuperado, o 1º lugar mantém-se a uma distância recuperável (por distância recuperável numa liga como a portuguesa, entenda-se uma desvantagem de no máximo 5 ou 6 pontos), o cenário da Champions ficou desanuviado e na minha modesta opinião a equipa voltou a demonstrar futebol de boa qualidade, boa consistência tática e sobretudo, voltou a demonstrar um rumo que, critique-se ou não, começa a ter um desenho mais claro e evidente.

Parece-me pois claro que a melhor notícia que este mês nos poderia ter dado é mesmo a sociedade Jota & Silva. Uma dupla que se estreou na Choupana e a partir daí tem demonstrado bom entrosamento, características complementares e mais importante que tudo, uma boa ligação com o resto da equipa. Também me parece óbvio que NES privilegia cada vez mais um 4x1x3x2, sendo que no jogo frente ao Arouca, à frente de Danilo, jogaram Corona e Óliver descaídos e Herrera como o elo de ligação com os dois avançados, André Silva e Jota. A ideia terá de passar sempre por um sistema preferencial, e depois, obviamente quando as coisas não correrem bem, terá de haver alternativas. Aproveitar a dupla Jota & Silva é neste momento um factor a ser potenciado, sendo que Jota não é um extremo, mas sim um avançado móvel que aparece muito bem em zonas de finalização, fica claro que o sistema a ser utilizado tem de ser o 4x1x3x2.

Ainda assim, o caminho a ser percorrido ainda é longo, nem mesmo os próximos jogos no caso de correr bem garantem o que quer que seja, da mesma forma que um percalço neste momento não esfuma as hipóteses de sucesso para o resto da época. Há que ter equilíbrio e não ir do 8 ao 80 e vice-versa num ápice.

Se dentro do campo as coisas até vão correndo dentro da normalidade, fora dele não consigo deixar de comentar as declarações mais recentes do Presidente. Em primeiro lugar, devo dizer que não faz muito sentido o Presidente apenas aparecer para falar aquando de vitórias da equipa. Nos momentos menos bons é que se torna importante a voz do Presidente, porque quando se ganha tudo parece cor-de-rosa. Em segundo lugar, uma das declarações do Presidente revela um problema que há já muito tempo a bluegosfera tem vindo a alertar. Falo no adormecimento, na atitude passiva e mesmo aburguesada da estrutura, uma espécie de "deixa andar", enquanto os outros têm as suas sirenes de alerta alto e bom som, falando, quer tenham ou não tenham razão.

Questionado sobre o polémico caso dos "vouchers", Pinto da Costa referiu que isso não lhe dizia respeito, que apenas falava no FC Porto e daquilo que interessa ao clube. É verdade que o FC Porto para resolver os seus problemas tem de olhar sobretudo para si próprio, porque não é olhando só para os outros que as coisas vão lá. Mas o FC Porto clube, principalmente o seu Presidente e os seus principais quadros dirigentes, têm de perceber muito bem o contexto em que se movem, a realidade muda todos os dias, não é algo imutável, os problemas/desafios de há 10 anos atrás não são os mesmos de hoje em dia. Por exemplo, o campeonato perdido por 2 pontos no 1º ano de Lopetegui é bem o exemplo do que estou a referir, nomeadamente, a falta de comunicação assertiva, falta de defesa do treinador em momentos importantes, numa época onde o principal rival beneficiou de 7 ou 8 pontos decorrentes de erros graves de arbitragem, e onde os primeiros pontos perdidos pelo FC Porto ocorreram numa roubalheira em Guimarães onde nos anularam um golo limpíssimo a Brahimi...

Pinto da Costa não quis comentar o caso dos "vouchers", mas durante os anos em que decorreu os apitos, todo e qualquer palerma dizia e lançava para o ar as mais variadas mentiras, insultos e pasquinadas sobre o FC Porto e os seus profissionais. Pinto da Costa podia ter dito, mas não disse, que esperava do Ministério Público exatamente o mesmo que há uns anos aquando do apito dourado, ou seja, a mesma vontade, os mesmos meios utilizados e a mesma perícia em investigar o FC Porto ao mais ínfimo pormenor. Não deve ter havido Presidente e Clube mais investigado na história do futebol português que o FC Porto e Pinto da Costa. A justiça civil ilibou o clube e Presidente de todas as acusações que lhe eram apontadas. E agora, quando o clube que mais patrocinou e ajudou a que o apito dourado se tornasse naquilo que se tornou, foi apanhado a oferecer jantares a árbitros (que não os utilizavam, vá lá saber-se porquê?), os responsáveis do FC Porto calam-se e não dizem nada sobre a investigação?!?!

Não ganhamos rigorosamente nada há 3 anos, há que refletir muito bem sobre a atitude passiva e aburguesada que tem ocorrido nesse período. Não é com as mesmas ações que os resultados irão ser diferentes. Há que mudar de atitude e voltarmos a ser incómodos!

13 comentários:

  1. INFINITO AZUL24 outubro, 2016

    Não esperem por sapatos de defuntos, já que descalços continuarão. Pinto da Costa é um profissional do embuste, da mentira congénita e que persiste em ofender a massa adepta do FCPORTO. Como é o caso dos vouchers e as suas insanas declarações.

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  2. Flagrante exemplo de um clube à deriva, sem qualquer estratégia, nem planeamento, a todos os níveis. "Gerido" por um arremedo de presidente, nada de bom ou útil, para a massa adepta, se pode esperar. O que é que terá contribuído para uma metamorfose tão radical?

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  3. Pinto da Costa conseguiu uma coisa bizarra, que foi colocar os adeptos que mais o apoiaram e defenderam, nos momentos difíceis porque passou, contra ele. Porque, o pior que podia fazer, fez, que foi desprezar a inteligência e a sensibilidade dos adeptos.

    Com isso, provou-lhes também que afinal não era tão inteligente como eles pensavam.

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    1. subscrevo... simples, curto e incisivo.

      infelizmente, a história do mundo está farta em nos mostrar casos idênticos, não é preciso ir muito longe, nem perder muito tempo a pesquisar... este, repito, infelizmente, vai ser só mais um igual a tantos outros, com um fim já há muito anunciado... para bom entendedor.

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    2. Também subscrevo por inteiro. E queria fazer uma apelo:
      Sr. Presidente, não deixe que se frustrem as fantásticas palavras e ideia que um dia saíram de si - "A nossa maior vitória é o ORGULHO DE SER PORTISTA"! Gostaria que o Senhor saísse pela porta grande com o mesmo garbo e honra com que entrou. Olhe por si e olha pelo seu/nosso FC Porto, Sr. Presidente.

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    3. ...Olhe por si e olhe pelo seu/nosso FC Porto, Sr. Presidente.

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  4. somos mesmo exigentes, se nao e dentro de campo e fora dele, senao sao os mexicanos sao os outros, senao e o brahimi e o soliveira, senao e o cu sao as calças. Em relaçao aos vouchers o MP esta a tratar disso e se houver crime as coisas ja nao podem voltar atras.

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  5. A sério que não entendo o que se passa; então agora qualquer um vem ao bibóporto e espeta umas javardices - como as do anónimo - e ficam-se todos por isto mesmo ?
    "um arremedo de residente" ?
    " um clube à deriva" ? ...

    e, vocês subscrevem isto ?

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  6. Dentro de campo estamos a acertar o tiro.
    Fora dele estamos a atirar para o lado e para o nosso próprio corpo.

    Abraços.

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  7. Caro Reine Margot,

    Não subscrevo nada para além daquilo que escrevi no post.

    Repito e reitero com todas as minhas forças: Pinto da Costa deveria ter falado no caso dos vouchers, devia sim senhor. Devia ter questionado várias coisas, nomeadamente, a curiosidade de se ter descoberto (o grande público pelo menos, porque os árbitros sabiam) as ofertas aos árbitros, observadores e demais agentes, aquando da saída de Jesus… Há de facto, umas coincidências do caraças… E nada disto ainda vi falado e discutido por alguém responsável pelo FC Porto, o que lamento.

    Poderia juntar outros episódios, que por mais que queiramos ou não, não são normais no FC Porto, nomeadamente o convite ao diretor da bolha para estar presente na gala dos Dragões de Ouro no ano passado.

    É necessário haver mudança de certas atitudes de várias pessoas, porque a atitude mais fácil e utilizada por tantos adeptos ao longo destes últimos anos é colocar as culpas todas nos treinadores e nas bestas dos jogadores. Como já se viu claramente, a culpa não é só dos treinadores e jogadores, a culpa também é de uma estrutura que há apenas poucos anos era de excelência, e no presente tem cometido vários erros.

    Ainda assim, é possível reverter tudo isto, só para a morte não há solução… Basta TODOS voltarmos a ser aquilo que fomos até há bem pouco tempo… E quando digo TODOS, digo TODOS MESMO!

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  8. E para finalizar, não estou rigorosamente contra ninguém. Jamais poderei estar contra alguém do meu clube, seja jogadores, treinador ou presidente.

    Aquilo que farei sempre é criticar (construtivamente) ou elogiar consoante a realidade assim o exija, sem vacas sagradas, nem ódios de estimação.

    Agora de uma coisa não tenho dúvidas: tendo em conta o atual contexto do futebol português e o novo desígnio que alguém já fez o favor de propagandear, ou seja, o "treta" do clube do regime, não será suficiente NES ser muito competente, Diogo J e André marcarem dezenas de golos e o 4x1x3x2 funcionar na perfeição, é necessário que a comunicação do clube, seja pelo Presidente ou pelo departamento de comunicação, seja agressiva, incisiva e incómoda. Não podemos ser uns gajos porreiros e simpáticos, temos de ser os feios, porcos e maus que fomos durante 30 anos.

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    1. Caro RCBC as suas aqui escritas neste post e na caixa de comentários, vão de encontro ao que penso!
      Aliás já tive oportunidade de o ir dizendo aqui pelos comentários que vou fazendo no blogue, mas com uma diferença! Não tão bem escrito e rendilhado como as suas palavras!
      Contudo o meu estado de alma é mesmo esse.
      Todos queremos muito, mesmo muito ser campões! Já não sabemos facilmente saber o que é estar 3 anos sem ganhar depois de muitos flops (que nos saíram muito caros) pelo meio!
      Não dar oportunidade ao clube do regime de atingir uma marca que nunca chegaram lá.
      Calar as vuvuzelas de alvalade que já ninguém os suporta! (Não fazem mal a ninguém mas são irritantes como o caraças)

      Para isso precisamos de pressionar... Arbitragem, comunicação social, agentes desportivos, polícia judiciária (como neste caso dos vouchers), enfim tudo o que mexe!!! Se formos muito mansinhos não chegamos lá!!! E para isso a SAD não pode estar calada e quieta, têm de se mexer que para isso é que recebem salários chorudos! Ou mostram que são bons, ou qualquer estava lá!!!

      saudações azuis e brancas

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  9. Não sei por que é que alguns portistas mostram tanta parcimónia para criticar o Presidente quando é o próprio que se encarrega de lhes dar fortes motivos para o fazerem. O que é que pensam? Que se ou pouparem ele vai mudar? Que são melhores portistas do que aqueles que acham que têm razões legítimas para isso? Não percebo, sinceramente. Não há deuses, não há intocáveis. Há competência ou não há. Pinto da Costa foi um líder competente. Hoje, nem é uma coisa nem outra, goste-se ou não. Estes melindres proteccionistas não são propriamente uma postura recomendável, porque por esse andar é caso para perguntarmos até onde estarão dispostos a observar o espectáculo de decadência do actual FCPorto. Qual é o prazo de tolerância, saberão porventura responder?
    O RCBC tem toda a razão, só não o reconhece quem não quer ver as coisas como elas são.

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