05 dezembro, 2015

SOFRER SEM NECESSIDADE.

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FC PORTO-PAÇOS DE FERREIRA, 2-1

Primeira Liga, 12ª jornada
sáb, 5 Dezembro 2015 • 18:30
Estádio: Dragão, Porto
Assistência: 28.617


Árbitro: Carlos Xistra (Castelo Branco).
Assistentes: Nuno Pereira e Jorge Cruz.
4.º Árbitro: João Matos.

FC PORTO: Casillas, Maxi Pereira, Maicon (c), Martins Indi, Layún, Rúben Neves, Herrera, André André, Corona, Aboubakar, Brahimi.
Suplentes: Helton, Marcano, Varela, Tello (78' Brahimi), Evandro (87' Herrera), Danilo (65' André André), Bueno.
Treinador: Julen Lopetegui.

PAÇOS DE FERREIRA: Marafona, Bruno Santos, Ricardo, Marco Baixinho, Hélder Lopes, Romeu, Pelé, Andrezinho, Edson Farias, Bruno Moreira, Diogo Jota.
Suplentes: Rafael Defendi, Fábio Cardoso, Christian (60' Romeu), João Góis, Barnes, João Silva (80' Bruno Santos), Fábio Martins (65' André Leal).
Treinador: Jorge Simão.

Ao intervalo: 1-1.
Marcadores: Bruno Moreira (8'), Corona (29'), Layún (64' pen).
Disciplina: cartão amarelo a Ricardo (63'), Christian (66'), Bruno Santos (74'), Evandro (90+6').

O FC Porto venceu esta tarde o P. Ferreira no seu reduto mas não tinha necessidade de passar por algum sofrimento na parte final do encontro. Depois de dar uma imagem positiva no jogo da 4ª feira passada na Madeira, os Dragões entraram no jogo com os castores praticamente a perder.

Aos 8 minutos, os pacenses inauguraram o marcador e quebraram um record no Dragão. Os portistas já não sofriam um golo em casa há quase um ano para o campeonato. Na altura, o FC Porto perdeu por 2-0 frente ao benfica. Desde então, mais nenhuma equipa tinha conseguido abanar as redes. Até ontem.

Na sequência de um canto a defesa portista pouco lesta e desconcentrada adormeceu na hora de aliviar a bola e Bruno Moreira apareceu frente a Casillas e perguntou para que lado queria a bola. Na fotografia ficou mal a distracção completa de Maicon a colocar o avançado contrário em jogo e a lentidão de Indi no alívio da bola.

Após o golo, o FC Porto não se precipitou mas no Dragão pairou o fantasma da reviravolta. Ou seja desde que Julen Lopetegui é treinador do FC Porto, os Dragões nunca completaram uma reviravolta no marcador com sucesso. Os portistas lançaram-se então para o ataque, correndo alguns riscos por estarem a defrontar uma equipa muito bem organizada e rápida no contra-ataque.

No entanto, o perigo começou a rondar a baliza de Marafona. Primeiro foi Aboubakar a isolar-se e na hora do remate permitiu a intercepão de Ricardo, defesa contrário. O camaronês continua a travessia no deserto. Lento, previsível, perdido em campo e bastante perdulário, o ponta-de-lança portista não atravessa definitivamente um bom momento.

O Paços de Ferreira, apesar de espreitar sempre o contra-ataque de uma forma simples a dois e três toques, começou a alinhar pelo anti-jogo, perdendo tempo na reposição de bolas e na simulação de lesões. Não estou a falar nos dois lances da 2ª parte da área do P. Ferreira com o guarda-redes e o defesa pacenses. Estou a falar da 1ª parte.

Mas aos 29 minutos, numa das poucas jogadas pelo miolo, o FC Porto chegou ao empate. Bela combinação entre Brahimi e Corona com o mexicano a surgir na cara de Marafona e a picar-lhe a bola por cima. Um golo de belo efeito a animar as hostes portistas. O avançado mexicano, depois de alguns jogos poucos produtivos, parece querer aparecer, numa altura crucial da época em todas as competições que os Dragões têm pela frente.

Até ao intervalo mais duas oportunidades de ouro para o FC Porto chegar ao descanso em vantagem. Primeiro Corona, logo a seguir ao golo, não consegue bater Marafona e depois Herrera (por mais que se esforce, não consigo compreender a opção deste jogador no onze), numa assistência de Aboubakar, rematou com estrondo a rasar a trave.

Se um resultado gordo para os portistas ao intervalo seria injusto, uma vantagem de um golo para os Dragões seria no mínimo o mais acertado. Os pacenses deram boa réplica apesar da prática de anti-jogo a partir dos 8 minutos.

Na 2ª parte a toada manteve-se. O FC Porto a procurar a vantagem e o P. Ferreira a jogar em dois tabuleiros. Na perda de tempo e na exploração do contra-ataque.

Ao minuto 64, numa saída de bola do P. Ferreira, o defesa dos castores atrasou mal a bola para o seu guarda-redes, Herrera pressionou e numa bola dividida com Marafona ganhou o lance. Depois ceifado por trás na grande área dos castores, o FC Porto tinha a possibilidade de passar para a frente. É certo que o FC Porto beneficou de um erro crasso da equipa contrária para se adiantar no marcador mas também foi por culpa própria que os Dragões não marcaram antes e depois desta grande penalidade.

Na conversão, Layún atirou colocada para o lado direito de Marafona com convicção e o FC Porto passou para a frente. A partir daqui, os papéis inverteram-se. Os pacenses lançaram-se no ataque, deixaram de fazer anti-jogo e o FC Porto passou a jogar nos espaços deixados pelo adversário.

Apesar das tentativas dos pacenses, o perigo morou sempre na baliza de Marafona. E se até ao fim, o FC Porto passou por um sofrimento desnecessário, ele se deve às oportunidades desperdiçadas de forma clamorosa por Aboubakar isolado na cara de Marafona, de Tello com a baliza aberta após uma grande jogada e novamente pelo camaronês na pequena área.

Se fossemos contar as oportunidades desperdiçadas, e só as clamorosas, o FC Porto ficou a dever a si um resultado de 6/7 golos. Mas aos Dragões, além da crise de confiança que vários jogadores atravessam, falta consistência, agressividade e determinação na forma como encaram os jogos. Vejo uma equipa insegura, que circula muito a bola mas não vejo um claro sentido objectivo no seu jogo.

O papel e a mensagem para os jogadores cabe ao treinador e é claro que não está a ser feito da melhor forma. Reparem neste pequeno grande pormenor. O FC Porto tentou uma, duas, três, quatro vezes chegar ao golo da vantagem. Conseguiu e logo que a bola entrou na baliza, Lopetegui colocou Danilo, retirou André André e mandou inverter o triângulo do meio-campo. Passa de 1x2 (R. Neves; Herrera e A. André) para 2x1 (Danilo, R. Neves; Herrera). Com 26 minutos de jogo para cumprir, esta atitude é de equipa pequena. Se ainda fosse contra o Chelsea, entendia. Agora contra o P. Ferreira???

Qual é a mensagem que passa para dentro do campo? O mister está a mandar-nos recuar e defender o 2-1. O que cria esta situação? Insegurança, receio e falta de confiança. Numa equipa que se assume como candidata ao título não seria lógico que incentivasse a equipa na busca do 3-1, de forma a tranquilizar os jogadores e depois, sim, gerir o jogo? Não percebo.

O certo é que, por sorte, a coisa correu bem porque Lopetegui mandar recuar a equipa, surgiram boas oportunidades e ganhou o jogo. Mas inverter o triângulo do meio-campo e defender a vantagem só causou calafrios, sofrimento até ao fim e incerteza no resultado.

E defender o resultado com a defesa que o FC Porto tem, com as falhas constantes que comete, com as rotinas e falta de segurança que denota, Lopetegui arriscou-se a sofrer o 2º empate no Dragão para o campeonato. A sorte, volto a dizer, esteve com Lopetegui e com a equipa.

O FC Porto mantém a desvantagem de dois pontos para o Sporting e é bom que os Dragões tenham a consciência de que, até à visita a Alvalade é crucial vencer na Madeira o Nacional e a Académica no Dragão sob pena de ver o adversário descolar e depois arriscar a rever o filme da época passada. Correr atrás do prejuízo pelo 3º ano consecutivo não é sustentável para nenhum portista.

O FC Porto desloca-se na 4ª feira a Londres para defrontar o Chelsea em Stamford Bridge. O jogo é decisivo e só uma vitória pode apurar os Dragões para os oitavos de final da champios league. Isto claro, contando com a mais que previsível vitória do D. Kiev frente ao Maccabi. Apesar de tudo ser possível e do Chelsea atravessar a pior fase desde há muitos anos, ao FC Porto apresenta-se um desafio enorme atendendo a que nunca venceu em Inglaterra.



DECLARAÇÕES

​​Lopetegui: “Tivemos carácter, personalidade e ambição”

No final do jogo em que o FC Porto venceu o Paços de Ferreira​ (2-1) e em que aumentou para 17 o número de jogos invicto em casa para o campeonato, Julen Lopetegui mostrou-se orgulhoso da equipa, satisfeito pela reacção à vantagem madrugadora dos pacenses que se traduziu em “inumeráveis e claríssimas” oportunidades de golo. A vitória, sublinhou, poderia ter sido mais expressiva.

“Fiquei satisfeito com a exibição e com o resultado que poderia ter sido muito mais dilatado, dadas as inumeráveis e claríssimas oportunidades de golo – fizemos 18 remates, mas tivemos dez ocasiões claras para marcar. Mas fiquei ainda mais satisfeito com a excelente reacção da equipa ao golo do adversário no único remate que fez à baliza em todo o jogo. Teve carácter, personalidade e ambição para superar uma circunstância adversa num cenário difícil. Os jogadores estão todos de parabéns”, realçou.

Lopetegui lembrou que nem o facto de a equipa ter jogado menos de 72 horas depois de ter defrontado o União, na Madeira, foi obstáculo para uma resposta enérgica a um “cenário que se tornou difícil”: “Nestas alturas, tens dois caminhos: cerras os dentes, lutas e vais para cima do adversário ou ficas nervoso e deitas tudo a perder. Nós escolhemos o primeiro. Se tivéssemos marcado mais cedo, tínhamos tido mais tranquilidade. Não está em causa a justiça dos três pontos, mas há jogos em que é mais fácil marcar e outros em que não”.

Danilo foi o primeiro jogador escolhido por Lopetegui para entrar no decorrer do jogo, o que se traduziu na inversão do triângulo do meio-campo. O treinador explicou que com a entrada do médio procurou “ter mais homens junto dos avançados, sem perder a disputa da segunda bola”. Questionado sobre outro médio, o francês Imbula, e a sua ausência dos convocados, o técnico lembrou que existem no plantel “vários jogadores para aquela posição”. “Imbula é um grande jogador. Temos vários jogadores para aquela posição. Tem de esperar pelo seu momento porque tem qualidade, é jovem e a oportunidade vai surgir”, afirmou.

O penálti que deu origem ao segundo golo – o primeiro esta época assinalado a favor do FC Porto – foi contestado pelo treinador do Paços de Ferreira. “Para mim, foi limpinho, limpinho, limpinho. Não há como contestar a justiça do lance e da vitória, que podia ter sido muito mais avolumada”, respondeu o treinador espanhol, que não quis falar sobre o jogo com o Chelsea, na próxima quarta-feira, na derradeira jornada da Liga dos Campeões. Isso fica para a conferência de imprensa de terça-feira, às 18h30, em Stamford Bridge.



ARBITRAGEM



RESUMO DO JOGO

1 comentário:

  1. Correctíssimo:
    "Qual é a mensagem que passa para dentro do campo? O mister está a mandar-nos recuar e defender o 2-1. O que cria esta situação? Insegurança, receio e falta de confiança. Numa equipa que se assume como candidata ao título não seria lógico que incentivasse a equipa na busca do 3-1, de forma a tranquilizar os jogadores e depois, sim, gerir o jogo? Não percebo." ---- NEM EU!

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