29 dezembro, 2015

457.500.000€? COMO CLASSIFICAR ESTE NEGÓCIO?

http://bibo-porto-carago.blogspot.pt/

Segundo o presidente de uns, consta que há um clube em Portugal com 6 milhões de adeptos, segundo o presidente de outros, consta que há outro clube em Portugal que tem 3,5 milhões de adeptos. Não sei quantos adeptos terá o FC Porto, não sei qual a verdadeira implementação do FC Porto no país todo, bem como nos restantes países do mundo. Apenas se sabe algo de factual: o FC Porto assinou o maior contrato da história do desporto português.

Há obviamente muito a dizer relativamente a este negócio, não só nas consequências ao nível da clara inflação que o mercado de direitos televisivos assistiu nos últimos tempos, mas também na queda de alguns mitos sustentados por anti-Portistas primários, que para além de tudo o mais, se comprova agora que mais do que anti-Portistas primários eram BURROS que nem uma porta, não percebendo patavina das chamadas movimentações de mercado no negócio futebol português.

Desde logo parece cai um mito alimentado durante anos por “guerras”, “gomes da silvas” e outros palermas cujo cérebro tem ligação direta com o intestino grosso, ou seja, aquela teoria de que a amizade Pinto da Costa e Joaquim Oliveira era mais forte que qualquer logica económica na compra/venda de direitos televisivos e que parte do grande domínio do FC Porto no tao famigerado “sistema” do futebol português baseava-se também na “teia” montada por Joaquim Oliveira, cujo grande suporte era o FC Porto personalizado por Pinto da Costa, o “grande demónio responsável por todos os males à face da terra”.

Pois bem, o acordo com a PT Portugal SGPS, detida maioritariamente pela Altice, uma multinacional líder no fornecimento de serviços de telecomunicações com presença em diversos países, revela bem aquilo que pesa na altura da assinatura de grandes contratos: mais do que conversas da treta, de quem tem 6, 9 ou 25 milhões de adeptos no mundo todo, aquilo que realmente interessa a uma grande multinacional é apenas e só a verdadeira grandeza, competência e sustentabilidade das instituições com quem assina acordos de parceria. E este acordo, em primeiro lugar, revela que o FC Porto é um enorme clube em termos mundiais, que tem sabido aliar bem o sucesso desportivo com um crescimento a muitos outros níveis, nomeadamente pelo que se vê agora na vertente da venda dos seus direitos desportivos, receita fundamental no orçamento de um clube que habitualmente disputa a Champions League e luta pela vitória em todas as competições nacionais.

No fundo, longe das teorias parvas de mentes pequeninas o FC Porto assinou um grande acordo com uma empresa portuguesa detida a 100% por uma grande multinacional estrangeira, verdade indesmentível e que com certeza provoca enorme azia em tanta gente que odeia o nosso clube.

Apesar de na comunicação oficial do acordo não estar descriminado o montante relativo às 3 dimensões do negócio, direitos de transmissão dos jogos caseiros do FC Porto, direitos de transmissão do Porto Canal e estatuto de principal patrocinador, existem obviamente algumas ideias que resultam do acordo agora assinado.

Considerando que cada uma das 3 dimensões do negócio tem períodos de duração também eles diferentes, para se compreender o quão bom é este negócio há que comparar com aquilo que anualmente o FC Porto recebe em direitos de TV e patrocinador principal. Também não deixa de ser interessante fazer uma comparação anual (porque os períodos de duração dos contratos são diferentes) com o nosso rival que assinou há poucas semanas um acordo com a NOS, não porque tenha especial interesse naquilo que se passa na casa dos outros, mas sim porque durante anos se difundiu a ideia de que a marca slb seria estratosfericamente superior à marca FC Porto, um clube regional sem grande impacto nos mercados internacionais e bem mais exíguo no mercado nacional. A realidade por vezes demonstra que há crenças que não passam disso mesmo, no fundo crenças sem qualquer fundamento consistente e que nada têm a ver com os factos que efetivamente vão ocorrendo.

Indo então aos números, as ideias que neste momento se podem retirar são:
  1. Direitos de Transmissão de Jogos caseiros (incluindo exploração comercial do estádio do Dragão) pelo período de 10 épocas desportivas, Direitos de Transmissão do Porto Canal por 12 épocas e meia e Estatuto de patrocinador principal pelo período de 7 épocas e meia, tudo isto vendido por 457,5M€;

  2. Não havendo divulgação oficial da repartição do valor julgo que não será descabido estimar que os direitos de transmissão dos jogos caseiros deverão ter um peso maioritário (mais de 70% seguramente) no bolo total, que o estatuto de patrocinador principal terá um valor superior ao que anteriormente a PT pagava ao FC Porto (3,6M€/ano) e que o restante será a aquisição dos direitos de transmissão do Porto Canal.

  3. Utilizando referenciais de acordo com os valores de anteriores contratos e tendo em conta aquilo que tem vindo a público relativamente a esta temática, julgo que não estarei longe de uma realidade em que pelos direitos de transmissão dos jogos receberemos 35M€/ano (350 M€ do total do negócio), pelo estatuto de patrocínio principal receberemos 5M€/ano (37,5M€ do total do negócio) e os restantes 70€ pelas 12 épocas e meia de transmissão do Porto Canal. Fazendo uma média anual de 35M€ pelos direitos de tv mais 5M€ pelo patrocínio principal da PT, teremos com este novo contrato uma receita anual média próxima de 40M€ nestas 2 rubricas, o que compara com os atuais 24,1M€ que recebíamos (20,5M€ pelos direitos de TV + 3,6M€ pelo patrocínio PT).

  4. Ou seja, de direitos de tv + publicidade principal passaremos a receber uma média anual de 40M€, quando recebíamos 24,1M€/ano, um aumento de 15,9M€ (+66%).
Resumindo, um grande negócio...

3 comentários:

  1. A melhor classificação talvez seja, Hipotecados por 13 anos.
    Assumir que somos o 3º clube de Portugal quando somos de longe o maior é um grande disparate.

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  2. Porque é que me cheira que este dinheiro, em grande parte, não vai entrar no clube?

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  3. http://www.publico.pt/desporto/noticia/direitos-de-tv-semelhancas-e-diferencas-entre-os-negocios-feitos-pelos-tres-grandes-1718693

    Penso que fica bem claro que o negócio do FC Porto é mais vantajoso economicamente que o do sporting, pois para além de 457,5 ser superior a 446 milhões de euros, o prazo do patrocínio das camisolas no FCP é de 7 épocas e meia enquanto o prazo no caso do scp é de 10 épocas, ou seja, sendo os restantes prazos iguais e o do patrocínio de camisolas ter um prazo menor no contrato do FCP, é óbvio que o contrato do FCP é melhor.

    Relativamente ao outro rival, não há informação pública disponível, nomeadamente ao contrato deles com a fly emirates e o que ganham com publicidade estática por exemplo. Logo não pode haver comparação fiável.

    Como é lógico também, a mim interessam-me muito mais os campeonatos ganhos dentro de campo do que os campeonatos dos direitos televisivos, o que não impede que se analisem as coisas seriamente. E a verdade é que o negócio do FC Porto foi muito bom, por mais azia que uma derrota em casa frente ao maritimo possa causar...

    Mas claro, interessa ter sempre uma coisinha para falar mal e malhar na SAD, treinador, jogadores, tratador da relva e quem mais aparecer pela frente. Análises sérias, ponderadas, construtivas e críticas (positiva e negativamente) são cada vez mais raras não só na blogosfera como também nos restantes meios de comunicação.

    É o que há...

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