07 setembro, 2015

A VERDADE DESPORTIVA QUE TANTO SE FALA.

http://bibo-porto-carago.blogspot.pt/

Não está em causa a capacidade de mobilização dos adeptos de cada um dos clubes que constituem a liga portuguesa, não está em discussão que um clube tenha mais adeptos que os outros e consiga por isso colocar mais adeptos nos jogos fora de casa, nem está em causa o desejo indisfarçável dos presidentes dos clubes de menor dimensão em fazer mais uns milhares de € em receita de bilheteira.

Tudo isto são questões legítimas e mais ou menos compreensíveis consoante o ponto de vista em que se esteja a analisar. Algo completamente diferente é discutir os princípios básicos que devem nortear uma competição profissional entre 18 equipas, em que todas elas jogam entre si. E há um princípio básico que deve nortear qualquer competição, chama-se equidade, um conceito que significa “virtude de quem ou do que (atitude, comportamento, fato etc.) manifesta senso de justiça, imparcialidade, respeito à igualdade de direitos”. Dito de uma forma mais simples, numa competição todas as equipas devem ter as mesmas condições à partida, nenhuma equipa deverá beneficiar de situações que outras no mesmo contexto não beneficiem, chama-se a isto igualdade de oportunidades, independentemente do poderio financeiro ou desportivo de cada um.

As justificações dadas pelo Sr. Pinho para que o próximo jogo frente ao FC Porto seja em Arouca e não em Aveiro, como aconteceu no mês passado aquando da receção ao benfica, revelam bem que os interesses dos presidentes dos clubes muitas vezes nem se prendem com o seu próprio clube, como supostamente deveria sempre acontecer. Ora vejamos, se a principal razão pela qual o jogo do mês passado foi o facto da direção Arouquense ter querido dar uma “prenda aos muitos emigrantes naturais de Arouca que estavam de férias em Portugal”, então podemos concluir o seguinte: dos 24 mil adeptos presentes no estádio, seguramente mais de 90% eram afetos à equipa que veio de Lisboa, ou seja, algo que até uma criança de 5 anos perceberia que iria acontecer dada a proporção de adeptos dessas 2 equipas. Então, o que se conclui, é que o Sr. Pinho pretendeu dar uma “prenda” aos emigrantes adeptos do benfica, quem maioritariamente encheu o estádio de Aveiro. Pergunta que se impõe: mas é suposto o presidente do Arouca dar “prendas” a adeptos dos clubes rivais que defronta, como foi este o caso?

Obviamente que a razão económica se sobrepôs acima de tudo, e em abono da verdade o único responsável neste caso é mesmo o Arouca e não o clube que beneficiou por praticamente ter jogado em casa perante mais de 90% de adeptos afetos a si. A questão sobre a qual reflito é a seguinte: imaginem que os presidentes do Tondela, Rio Ave, Vitória Setúbal, Paços de Ferreira, Estoril e Moreirense decidem exatamente como decidiu o presidente do Arouca, ou seja, receber o benfica fora de casa num estádio com 30 mil espetadores, retirando completamente o natural efeito do fator casa que é naturalmente muito importante para qualquer equipa, recebendo por sua vez o FC Porto e todos os outros adversários na sua própria casa? Pois, tal significaria que enquanto 17 clubes teriam de enfrentar por 17 jornadas equipas no seu reduto, com os seus adeptos e muitas vezes até com as especificidades próprias de alguns estádios desta Liga (relva alta, bombos e lamaçais em tempo de chuva, etc...), por seu lado uma equipa (apenas uma!) pelo facto de ter mais adeptos e mais capacidade de mobilização, jogaria praticamente em casa em 7 dos 17 jogos que supostamente teria de enfrentar fora de casa.

Tudo isto faz com que obviamente seja necessária uma regulamentação em relação a isto que retratei acima. O poder financeiro é muito bonito e muito belo, mas então se é para fazer uma competição séria com equidade e justiça para todos os seus competidores, faz-se uma liga só com os 5 primeiros classificados, garantindo assim as maiores receitas de bilheteira, já que as restantes equipas são meros bonecos sem qualquer tipo de capacidade financeira. As coisas não têm de ser obviamente assim: que se regulamente como deve de ser e que se proteja acima de tudo a equidade e justiça entre todas as equipas que disputam a mesma competição. Ah, e não me venham com a desculpa de que o FC Porto caso jogasse em Aveiro apenas colocaria 2 mil adeptos... até poderia colocar lá só 500 alminhas, não é isto que está em causa, mas sim, uma verdade desportiva de uns que jogam em casas emprestadas e outros que têm de jogar todas as jornadas fora, realmente fora de casa.

Claro que depois tudo isto acaba numa sorte do caraças para uns e nalgum azar para outros. Começar o campeonato com adversários simpáticos nas 4 primeiras jornadas, 3 delas em casa e outra em campo neutro com 90% dos adeptos a favor dá um certo jeito. Mas claro, tudo isto terá a ver também com as vicissitudes do sorteio... “Penafiel... Desculpem... benfica”.

PS - No último contrato celebrado com a PT, pelos valores que foram públicos, o FC Porto faturou no mínimo 14.6M€ em 4 anos, cerca de 3.65M€ por época, valor este que pode ter sido acrescido de bónus por desempenho e outros fatores variáveis. Recuso-me a acreditar que um clube presença habitual na fase a eliminar da Champions League, que nos últimos 10 anos ganhou o que ganhou nacional e internacionalmente, que conta já com uma projeção em mercados internacionais como por exemplo no continente Americano (México, Colômbia, Brasil) e que por acaso até conseguiu contratar um dos melhores GR do mundo (e aquele como melhor currículo sem qualquer dúvida), não tenha tido qualquer convite de uma empresa internacional por valores a rondar os 4 milhões de € anuais. Deste modo, aguardo com enorme curiosidade, e sim, posso esperar meses até, pelo nosso novo patrocinador principal, seja ele a SAMSUNG, a HUAWEI ou outro qualquer...

13 comentários:

  1. meu caro, esta ganancia nao e' nova, a questao e' que o povo tem memoria curta...

    em 2014 passou se o mesmo, mas...em Abril... se calhar foi prenda para o coelhinho da Pascoa...

    http://www.zerozero.pt/jogo.php?id=2838262

    enfim
    Manuel

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  2. não valorizo muito esta questão dos campos.

    o numero de adeptos que esteve em aveiro plenamente justifica o interesse do arouca para obter uma excelente e adicional receita.

    só se justificaria tanto alarido quanto ao jogo do porto em arouca, caso não houvessem bilhetes para os adeptos do porto... mas como é obvio o porto em aveiro não faria os 20 mil lugares com o arouca. vivemos perto inclusive, mas tb não foi a malta de lisboa que foi a aveiro, foram os benfiquistas do centro e interior que aproveitarem as férias, os emigrantes , etc...

    somos mais pequeninos para já (PARA JA`, porque dos 35 para baixo já temos mais adeptos que os outros), mas com menos fazemos mais e melhor e é essa a nossa bandeira! um lugar distante do centralismo elitista da capital, com a zona economica mais desaproveitada, com mais desemprego... mas ao mesmo tempo uma zona que por si, sem o alto patrocinio do estado consegue ser um icone turistico europeu, meca da arquitetura portuguesa, pólo industrial das madeiras e calçado... e do desPORTO.

    Siga... o importante é ganhar ao Arouca, nem que fosse no estádio da Luz.

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  3. Oh caro Nuno Silva,

    Como você não valoriza a questão do campo até será melhor ir sugerir às equipas da Madeira para jogarem... sei lá... em Aveiro não?

    Toda a sua argumentação é uma falácia sem qualquer ponta que se lhe pegue.

    Só de notar que se não fosse a questão dos campos, teríamos sido campeões sem grandes dificuldades, pois se todos jogassem com dimensões e qualidade da relva de Champions (Aveiro por exemplo) eram ensabuados ao pequeno almoço.

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  4. RCBC,

    Como é óbvio ninguém quer saber dos que aqui dizer... se fosse ao contrário... ui, ui.

    Mas isto ainda há-de piorar... imagina que o Estoril ou Belenenses pedem para jogar na Luz, para terem mais assistência... está dentro da designação legal da distância aprovada, portanto porque não? O benfica até fazia um desconto certamente...

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  5. ora nem mais Joao

    ou das duas uma, ou se regulamente este tipo de situacoes, ou entao mais vale marcar os jogos todos na Luz !
    se as equipas das madeira quiserem vir jogar a aveiro/leiria/algarve, maravilha, dado que na ilha nao tem corrido bem

    supostamente o sol quando nasce e' para todos nao?

    mas va, ate lhes correu mal pq perderam
    Manuel

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  6. 100% de acordo com o texto.

    Apenas gostava de acrescentar que nem só a mudança de campo influência a verdade desportiva. Muito mais importante, seria analisar os porquês de certas equipas mudarem de atitude, consoante os adversários que defrontam.

    E se no caso do Arouca, a atitude foi honesta e séria, à imagem do treinador, já a mesma coisa não se pode apontar a uma equipa, que muda de ADN consoante joga connosco, ou com o slb e scp. Estou a referir-me obviamente ao Maritimo.

    Independentemente das nossas próprias culpas, que as temos e muitas, e da exigência que temos em vencer qualquer adversário, quer ele jogue mal ou faça o melhor jogo de sempre, a verdade é estas mudanças de atitude minam, e muito, a verdade desportiva.

    Queira-se ou não, não é a mesma coisa defrontar uma equipa, que mesmo sendo pequena, esteja disposta a comer a relva e dar a vida em campo pela vitória, comparado com outra equipa que vai jogar para fazer o melhor, mas se perder não vem daí desgraça ao mundo.

    Como tal, para além da equidade nas condições do terreno de jogo, é por demais exigível a equidade nas atitudes em campo.

    Hugo

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  7. No meu entender e no que seria mais correto era os clubes pedirem casa emprestada no caso do seu estádio estar em obras, requalificação, etc...

    Mas mesmo assim viu-se por exemplo no caso do Paços de Ferreira, em que mesmo com o seu estádio em obras jogaram em sua casa no Capital do Móvel |mesmo com o scp| e pediram a nós e ao Vitória Guimarães para jogarem nos seus respectivos estádios nos jogos Europeus, por as medidas do relvado serem impróprias para a UEFA.

    Ou seja agrada-se a uns e os outro que se lixem...
    E o futebol assim vai continuar pequeno em portugal.

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  8. Do ponto de vista teórico, o presidente do Estoril ou Setúbal têm todo o direito de solicitar o seu jogo em casa para o estádio da luz porque a lei permite que tal aconteça. Também neste caso fariam mais receita e todos ficavam a ganhar.

    A questão não está nos efeitos práticos de situações dessas, o slb perdeu em aveiro, o FC Porto pode ganhar em Arouca sem problema nenhum. O problema está no principio da coisa e está no facto de se todos os restantes presidentes pensassem assim, o slb jogaria realmente fora de casa uns 6 ou 7 jogos apenas.
    E isto desvirtua os princípios de equidade que uma competição profissional deve ter, seja ela qual for.

    Utilizando ainda um exemplo mais extremo, o marítimo ou nacional também poderiam deslocar o seu jogo para o restelo por exemplo… Seria a mesma coisa jogar na Madeira, com tudo o que isso implica, ou jogar no restelo que até fica muito perto da luz?

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  9. Esperar (mais) meses por um patrocínio de 4M€?

    A SAD sabia sensivelmente há um ano que a PT iria deixar de patrocinar as camisolas. Como é que se justifica que ainda não exista um novo contrato assinado no dia 7/9?

    Percebo que o Sporting e o Braga estejam nessa situação, agora como é que um clube que esteve no top 8 europeu da época passada não consegue fazer melhor? Nem sequer estamos a falar de 4M€, mas de 3.65M€+variáveis para não perder 1€ em relação à época passada.

    Isto só pode ser um misto de desleixo com incompetência, pois estamos a falar de uma SAD que recebeu, só em 12/13, 2.564.179€.

    O mínimo que podiam fazer era arranjar um patrocinador que lhe pagasse os brutais ordenados que auferem, não?

    Cumprimentos.

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  10. O que estranha no meio de tudo isto é o comércio de Arouca manter-se muito calado... foi preferível dar dinheiro a ganhar ao comercio de Aveiro.
    Agora espero que o Porto Canal faça uma grande reportagem sobre Arouca.. e que o próximo dragão de Honra seja para o presidente do Arouca, tal como foi uns tempos atrás para o do Belenenses... traten-tos bem que temos a recompensa.

    Cumprimentos

    A. martins

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  11. @Fernandes

    É verdade que nesta altura já era expetável que já houvesse acordo com algum patrocinador.

    É também verdade que o FC Porto, sendo um clube com várias conquistas europeias nos últimos anos, bem ao contrário dos rivais lisboetas que não ganham nada internacionalmente há mais de 50 anos, e sendo um clube habitual presença na fase eliminar da CL (quartos-final ano passado) teria naturalmente mais possibilidades de arranjar um patrocinador internacional.
    Dito isto, repito, recuso-me a acreditar que não tenha havido propostas de valor similar ao que a PT oferecia. E quero acreditar que a SAD aguarda pela melhor proposta no seu devido tempo. Porque caso contrário, então é algo que foge completamente à minha inteligência.

    PS: Estamos a falar de uma SAD que tem feitos os seus erros é verdade. Mas também não nos podemos esquecer que foi a mesma SAD que em 2011 (apenas 4 anos atrás) nos levou à conquista de um trofeu europeu e que em 2013 (apenas 2 anos atrás) nos levou à conquista de um tricampeonato. Portanto, o custo da SAD não pode ser argumento quando se perde e deixar de o ser quando se ganha. Não sejamos demagogos.

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  12. ganhar a todo o custo,usando regulamentos manhosos, aprovados pelos clubes retira a pouca credibilidade que ainda existe.Como se sabe a maior parte dos clubes(os ditos pequenos) têm nos jogos no seu reduto frente aos "grandes" as grandes receitas da época.A equidade é um fator imprescindível, num campeonato de futebol em que todos jogam fora e em casa igual numero de jogos,salvo casos de interdição do estádio, ou este encontrar-se em obras.Quando prescindem voluntariamente de jogar no seu estádio, os clubes pequenos reduzem drasticamente as percentagens de êxito desportivo perante o clube grande,com esta atitude distorcem a verdade desportiva.O certo(errado) é que o F.C. do Porto irá jogar mesmo em Arouca ao contrario do ultimo jogo deste, que se realizou em Aveiro.Ano houve em que um clube da linha de cascais jogou no Algarve uma partida que se deveria realizar em sua casa,precisamente com o mesmo opositor que agora beneficiou de jogar em Aveiro.Este jogo do Algarve decidiu o campeonato a contento da entourage. coincidências sem ética.

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  13. Na minha opinião, os regulamentos só deveríam permitir este tipo de situações em caso de obras que realmente impedissem a utilização do estádio, ou colocassem em causa as condições de segurança, ou se por outro motivo qualquer o estádio não oferecesse condições de segurança. Tudo o resto são tretas. Angariar mais receitas? Cada clube tem que ser gerido de acordo com a sua dimensão. Será que feitas as contas entre as despesas na utilização do estádio de Aveiro, e a receita obtida, terá mesmo valido a pena?
    Por outro lado quando os clubes votam os regulamentos, não têm noção das consequências? Pelos regulamentos,os clubes podem fazer 5 jogos por época noutro estádio que não o seu. E se optarem por fazer isso num jogo decisivo para o título? Onde está a verdade desportiva? Onde estão os defensores da verdade desportiva?
    Ao nosso FCP resta ir a Arouca, jogar o nosso futebol e dar-lhes uma goleada!

    Saudações draconianas

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