16 outubro, 2014

FALSO DILEMA, OU NA PRÁTICA A TEORIA É OUTRA!?

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Sempre ouvi dizer que, na teoria é uma coisa, na prática é outra. De facto, existem duas maneiras básicas de se aprender: uma é com a prática, a outra é com a teoria. Noutras palavras, aprendermos com os nossos erros (prática) e/ou com os erros dos outros (teoria). O esperto aprende com seus próprios erros. O sábio aprende com os erros dos outros. Resumidamente, controle o seu destino antes que alguém o faça... ou mude antes de ser obrigado a mudar.

Vem tudo isto a propósito do muito que se falou (fala!) nas últimas semanas sobre o tema da rotatividade na equipa do FC Porto. Faz ou não sentido? Não querendo assumir o papel de advogado do Lopetegui, no plano teórico consigo fazer um esforço para tentar compreender o que pretende. Quer garantir que todos os jogadores estão motivados e prontos a entrar em campo a qualquer momento. Quer os jogadores com ritmo e habituados a ir jogando para que quando chamados possam corresponder. A época é longa e esta é uma forma de, desde cedo, começar a fazer a gestão da sobrecarga dos jogadores. Tem em perspetiva que nos momentos decisivos da temporada os jogadores estarão mais frescos. Simultaneamente, esta é também a solução encontrada pelo treinador para garantir a gestão dos egos e fazer com que todos se sintam titulares.

Se o futebol fosse apenas teoria tudo estaria bem. Mas o futebol na prática não é a régua e esquadro. O FC Porto revolucionou o plantel. Tem um novo treinador, um novo plano de jogo, novas ideias. Neste momento, considero que o foco deveria ser colocar a equipa a carburar no máximo, adquirir a velocidade de cruzeiro. E para que isso aconteça, é necessário criar rotinas e automatismos que só serão adquiridos com jogos. Com constantes alterações na equipa, corre-se o risco desses automatismos serem adquiridos muito tardiamente. E digo tardiamente, porque até lá, a equipa continuará a correr o risco de perder pontos, e com isso, hipotecar os seus principais objetivos: o campeonato e a passagem aos oitavos da Champions, pelo prestígio, mas acima de tudo, pela componente financeira. De que servirá ter em Março uma equipa fresca como uma alface se já estiver irremediavelmente afastada dos seus objetivos?

Há que criar equipa rapidamente. Criar uma equipa base com as tais rotinas e automatismos. Até para dizer aos que forem ficando de fora “estão a ver o que eu quero?”. Tem de funcionar como uma máquina que tem de ser oleada, e onde cada jogador é uma peça dessa máquina. Os que estiverem de fora, quando entrarem, terão de replicar ou superar o desempenho do jogador que foram substituir na equipa. Mas antes, estiveram de fora a ver o que é suposto ser feito. Terão uma referência. Neste momento, não existe essa referência, dado que a equipa ainda estará a 60% do seu potencial. Recursos não faltam, urge colocar a equipa a jogar.

2 comentários:

  1. Interessante que fale nisso, pois por exemplo na equipe de sub-21 de Portugal, ficam uns de fora por castigo, outros por lesão, e a máquina funciona sempre!
    Talvez - talvez - os jogadores que militam no porto também tenham de perceber que se querem jogar vão ter de entender que é necessário trabalharem para adquirir essas rotinas de olhos fechados jogue quem jogar no momento em que entram na equipe!

    Penso eu de que...

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  2. O Lopetegui é um treinador moderno, habituado ao futebol espanhol, com novos métodos e ideias muito próprias, das quais não irá abdicar facilmente, isso na minha opinião é a melhor qualidade dele, uma personalidade forte, ele faz o que acha melhor e não o que a pressão externa quer e pede, pensa pela sua cabeça. A ideia da rotatividade é excelente, o problema será que o FCP não tem ainda uma equipa base, um meio campo base, que jogue sempre e que depois permita alternar entre um e outro, sem se perder grande qualidade e capacidade. Temos alterado não só de jogadores, mas principalmente na forma de jogar de jogo para jogo, e essa parece ser uma ideia principal de Lopetegui, a equipa adapta-se ao próximo adversário, ficando por isso difícil de criar uma maquina certinha e alcançar a tal velocidade de cruzeiro. De tudo o que ainda não entendi em relação a Lopetegui, a principal é como ele quer definir o meio campo, com tanta opção de enorme qualidade, Marcano a medio defensivo só mesmo num caso de emergência, como foi na Ucrânia, e nunca a titular num jogo em casa frente a um adversário inferior. Bem sei que num plantel tão rico em soluções, não importa quem joga, mas gostaria muito de ver ao mesmo tempo, Ruben Neves/Casemiro, Oliver/Herrera e Quintero no meio ampo, e Brahimi,Tello e Jackson na frente, no fundo um 4-2-3-1 que aproveitaria tudo o que de bom temos no plantel. Esse era o meu desejo, mas mais importante será Lopetegui, criar um onze base, um meio campo entrosado e uma equipa que ganhe uma dinamica de vitórias da qual está claramente necessitada. Nunca vi um plantel tão forte em soluções como este, está na hora de arrancar definitivamente.

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