A Estrada Para o Tri Tem Muitas Curvas

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Sporting 0-0 FC Porto

Liga 2012/13, 21.ª jornada
2 de Março de 2013.
Estádio José Alvalade, em Lisboa.
Assistência: 27.436 espectadores.

Árbitro: Paulo Batista (Portalegre).
Assistentes: José Braga e Valter Rufo.
Quarto árbitro: Luís Reforço.

SPORTING: Rui Patrício; Miguel Lopes, Tiago Ilori, Marcos Rojo e Joãozinho; Rinaudo (cap.), Eric Dier e Adrien; Labyad, Van Wolfswinkel e Capel.
Substituições: Labyad por Bruma (60m), Adrien por Carrillo (75m) e Capel por Fakobo (80m).
Não utilizados: Marcelo, Cédric, Zezinho e Etock.
Treinador: Jesualdo Ferreira.

FC PORTO: Helton; Danilo, Maicon, Otamendi e Alex Sandro; Fernando, Defour e Lucho (cap.); Varela, Jackson Martínez e Izmaylov.
Substituições: Izmaylov por James (56m), Varela por Atsu (67m) e Defour por Liedson (81m).
Não utilizados: Fabiano, Castro, Abdoulaye e Sebá.
Treinador: Vítor Pereira.

Cartões amarelos: Izmaylov (38m), Marcos Rojo (44m e 78m), Maicon (70m), Fernando (86m) e Miguel Lopes (89m) e Bruma (90m+1).
Cartões vermelhos: Marcos Rojo (78m, por acumulação de cartões amarelos).

A semana que antecipou Alvalade não foi das melhores. A lesão de Moutinho a somar à de Mangala foi como que um filme de terror a bater à porta dos bi-campeões nacionais. Além disso, a lenta recuperação de James Rodriguez configurava um FC Porto a meia velocidade. O que se veio efectivamente a confirmar.

Não obstante, esperava-se mais daqueles que subiram hoje a jogo na casa do leão. Um leão, que, diga-se em abono da verdade, mais se assemelha a um lince ibérico, sem juba e sem rugir digno desse nome. E talvez tenha sido esse estado anémico do adversário que fez com que os comandados de Vítor Pereira se apresentassem tão perdulários e tão desconcentrados. Foram vários os lances de golo desperdiçados, assim como foram demasiados os passes errados por parte dos médios portistas.

O que também não ajudou à festa foi o claro subrendimento de várias unidades essenciais no jogo da equipa. Izmaylov terá acusado em demasia o regresso a uma casa onde não foi feliz, acumulando passes errados e desgastando-se em duelos individuais totalmente ineficazes. Varela nada acrescentou à equipa, complicando por vezes o que era fácil. Lucho Gonzalez, mesmo que bem acompanhado por Fernando (bastante mais adiantado do que o nomal), terá sentido saudades do seu companheiro de armas João Moutinho. Défour foi trabalhador e voluntarioso, mas não trouxe chama e alma à equipa.

É verdade que os 66% de posse de bola dos azuis e brancos provam que a equipa soube sobreviver sem dramas à ausência de João Moutinho. Mas claramente se notou menos dinâmica, menos presença física e, acima de tudo, menos capacidade de penetração na zona central do meio-campo adversário. O jogo de posse não saiu tão limpo, a bola parecia saltar e as tabelas nunca resultaram em superioridade numérica.

O FC Porto poderia ter resolvido o jogo logo na primeira parte. Mesmo admitindo que Jackson foi bem perseguido por Hugo Lori (grande potencial), não se revelou o predador do costume. Dispôs de três lances de golo tirados a papel químico, com recepções orientadas de grande classe seguidas de remates mal direccionados ou para as mãos de Rui Patrício. Também o belga Défour teve nos pés soberana ocasião de golo, que resultou em defesa por instinto do guardião leonino.

Custa ver uma equipa como a do FC Porto sair de Alvalade sem uma vitória. Os jovens da academia de Alcochete têm bastante qualidade, mas em condições normais não podem nunca fazer frente a ma equipa com a experiência do FC Porto, a 90 minutos de se qualificar para os quartos-de-final da Champions League. Fica, assim sendo, um sabor amargo e um sentimento de que algo mais poderia ter sido feito. A entrada de James tentou ser esse plus, esse turbo, que poderia ter feito dinamitar o meio-campo e a defensiva sportinguista. Mas o prodígio colombiano mostrou-se demasiado pesado e preso de movimentos, demonstrando que ainda não está nem de perto nem de longe no patamar em que já se apresentou esta época.

O que terá estado na base deste aparente menor fulgor portista? Menosprezo do adversário? Desconcentração em virtude das lesões ocorridas durante os treinos de preparação do encontro? São especulações. A verdade é que as deslocações ao Alvalade XXI não têm sido nada profícuas para o Dragão. Há que rever este aspecto e encarar o Sporting como o rival que ele (ainda) é.

Para fechar, julgo ser de bom destacar os que estiveram melhor. Helton, Danilo, Otamendi e Fernando foram a excepção na noite de hoje. Sempre concentrados e a jogar nos limites, mostraram que a chama do Dragão pode e deve estar sempre presente, seja contra quem for, seja em que Estádio for. O Dragão nunca entra em férias nem faz fretes. Nem nunca ganha apor antecipação. Esse sempre foi o nosso lema e a nossa cultura. Esse sempre será o nosso lema e a nossa cultura.

Vamos em frente, Porto! Ao contrário do que pensávamos, a estrada para o Tri tem muitas curvas, mas poucos conhecem o caminho como nós. Somos PORTO!

Rodrigo de Almada Martins

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DECLARAÇÕES

VÍTOR PEREIRA

A ansiedade, a resposta que Vítor Pereira não queria detectar na equipa, é precisamente a primeira explicação para o empate em Alvalade, segundo o treinador, que reconheceu nos jogadores falta de esclarecimento e paciência, em especial na segunda parte. Lucho reforça a opinião do técnico, acrescentando quebras de tranquilidade, antes de desejar um regresso rápido a João Moutinho.

“Vamos à luta”
“Defrontámos uma equipa que se bateu sempre bem, que esteve organizada. Entrámos muito bem no jogo, fomos iguais a nós próprios, com boa circulação de bola e bons momentos de entrada no último terço do terreno, o que nos permitiu construir algumas oportunidades de golo. Na segunda parte, a ansiedade apoderou-se da equipa, que quis fazer tudo muito depressa e acumulámos uma série de erros em termos de circulação que permitiu ao Sporting algumas transições rápidas perigosas. Deixámos o jogo partir-se um pouco e esse não é o nosso estilo. Foi pena, não posso apontar nada aos jogadores, mas, na segunda parte, faltou-nos ser mais esclarecidos e pacientes. O jogo terminou desorganizado e partido, como eu não gosto. Não foi possível sairmos daqui com uma vitória, mas o campeonato está completamente em aberto. Vamos à luta. Preferia ter ganho o jogo e continuar na frente, mas o nosso adversário directo ainda vai a nossa casa e ainda temos muito tempo para virar o campeonato a nosso favor, caso ganhe amanhã.”

LUCHO

“Obviamente, não é um resultado positivo para nós, mas ainda falta muito campeonato para jogar. É pena não termos vencido. Faltou-nos um pouco mais de tranquilidade na hora de definir os lances, de fazer a melhor opção e que a bola entrasse, que é o mais importante no futebol. Podemos ter muita posse de bola, mas, se não marcarmos, não ganhamos. O João Moutinho é um jogador muito importante para nós, mas acredito que neste plantel há jogadores para substituir quem quer que seja. Infelizmente, não pode estar connosco, mas oxalá recupere depressa, porque precisamos dele. Vamos com um sabor amargo, porque queríamos vencer.”

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RESUMO DO JOGO