23 março, 2013

A deterioração da situação patrimonial

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Vistas as contas do primeiro semestre da FCP-Futebol, SAD (1 de Julho a 31 de Dezembro de 2012) do exercício corrente, o que mais preocupa é o valor a que desceu o Capital Próprio.

Desde a constituição de uma empresa, o seu capital próprio, que nesse momento é igual ao capital social, vai sofrendo alterações que tanto podem ser positivas como negativas, basicamente em função dos lucros/prejuízos que vão ocorrendo ao longo da sua atividade. O Balanço representa a situação patrimonial da empresa num determinado momento, é a sua “fotografia” num momento preciso. Está dividido em três categorias: ativo, passivo e capital próprio. Existe uma relação fundamental que tem que se verificar obrigatoriamente no Balanço: ativo = passivo + capital próprio. Esta expressão constitui o princípio fundamental da contabilidade, segundo o qual a aquisição do património da empresa (ativo) tem que ser financiado por capitais dos sócios/accionistas (capital próprio) e por capitais alheios (passivo).

Dito isto, qual é a situação, em 31/12/2012, da FCP-Futebol, SAD (consolidado)?

O passivo (217.519.434 €) é superior ao ativo (211.153.093 €), donde o capital próprio é negativo em 6.366.341 €. Neste caso, a situação tem um nome, que ninguém gosta de ouvir, e que é “falência técnica”. Como se chegou aqui? Simples: um somatório de prejuízos bastante superior ao somatório de lucros (em 31/12/2012, o Balanço apresenta resultados acumulados negativos de 88.627.537 € que mais do que “comem” o capital social de 75.000.000 €).

Solução? É dada no Relatório & Contas (2011/12):
    “O Conselho de Administração, para além de perspectivar a análise deste assunto na Assembleia Geral de Accionistas para a aprovação das contas deste exercício, poderá também convocar uma Assembleia Geral Extraordinária, para discussão e aprovação das propostas que vierem a ser apresentadas, as quais poderão passar pelas seguintes alternativas:
    . Redução do capital social para montante não inferior ao capital próprio da sociedade;
    . Realização pelos accionistas de entradas para reforço da cobertura do capital; e
    . A conjugação das duas alternativas.”
Esta solução, tem recorrentemente desde há cerca de 10 anos, vindo a ser mencionada para o caso do artº 35º do código das sociedades comerciais, isto é, quando o capital próprio é inferior a metade do capital social (ou seja, como o capital social é de 75.000.000 €, aplica-se quando o capital próprio é inferior a 37.500.000 €).

E, por que nunca nenhuma solução foi implementada ao longo de todos estes anos?

Só os administradores poderão responder, e nunca o fizeram. Na minha opinião por uma simples razão: não têm outra solução (que procuram evitar) senão incorporar o Estádio (propriedade do Clube) na SAD, aliás a exemplo do que fez o Clube do Regime que, não fora essa solução, estaria numa situação de capitais próprios negativos verdadeiramente dramática.

Contudo, é minha convicção que, por muito que a administração adie a solução, na esperança que resultados positivos (lucros) resolvam, ainda que parcialmente, o problema (o que seria a solução ideal), lá chegará o momento em que, se persistirem os capitais próprios negativos, algo tem mesmo que ser feito.

Até lá, aguardemos, sendo certo que, quanto melhores forem os resultados desportivos, melhores serão os resultados financeiros, e daí, melhores os capitais próprios (sendo o oposto também verdadeiro...). Assim sendo, quanto mais tempo aguardar, melhor.

JCHS


nota: o blog BPc agradece ao JCHS a elaboração deste artigo.

2 comentários:

  1. "Quanto mais tempo aguardar melhor"?
    Digam-me uma coisa, que tempos melhores é que irão vir? Ganhar o campeonato intergaláctico?

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  2. de facto, tendo sempre o cuidado de avisar desde logo para o que venho, pois a minha praia sempre foi, e é, o "pão e circo"... não deixa de causar alguma espécie essas resalvas que aqui deixas, entre outras anteriores, para alguns cálculos que mais parecem, um poço sem fundo... mas será mesmo "sem fundo"?

    tenho sérias dúvidas, mas como não percebo nada da "agricultura" das contas, deixo estas discussões para os mais entendidos... mas, registo sempre.

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