01 outubro, 2011

Também há pedras no caminho do sucesso

http://bibo-porto-carago.blogspot.com/

"Pedras no caminho? Guardo-as todas. Um dia vou construir um castelo."

Autor: Pessoa, Fernando

Uma das principais idiossincrasias que distingue os Portistas dos restantes adeptos é que nós não estamos habituados a não ganhar. O nosso compromisso é com as vitórias. Um Portista é, por definição, um apaixonado pela Nação Azul e Branca com uma sede insaciável de vitórias. Mais que as vitórias, um Portista ama o clube. No entanto, para um Portista, só a vitória interessa. É isso que nos faz maiores que todos os outros. Os últimos jogos não correram de feição e, por isso, há quem já fale em crise. É preciso ter contenção nas palavras .

É verdade que, se tivermos em conta os nossos resultados habituais, isto até pode ser considerada uma crise. No entanto, como sempre disse, temos uma equipa técnica que percebe de futebol e uma estrutura fantástica. Não podemos cair no erro de olhar para as últimas três partidas como uma argamassa indistinta. Nem incorrer no pecadilho de metê-las todas num mesmo saco sem olhar para as razões que nos levaram a perder cada uma delas. Cada jogo tem a sua história e há motivos distintos para não termos vencido cada um desses três jogos.

Contra o Feirense, penso que a ausência de Álvaro Pereira e Hulk, juntamente com as inúmeras mexidas no onze desestabilizaram a equipa e, a meu ver, tiveram um peso muito significativo para aquele insípido empate a zero. Como é óbvio, a ausência de dois jogadores não pode justificar tudo. A equipa entrou em campo com uma atitude sobranceira e subestimou o adversário. Deitámos a primeira parte ao lixo. O Porto só começou a "jogar" na segunda parte e isso complicou imenso a situação. Fomos atrás do prejuízo, mas duas bolas na trave e uns primeiros 45 minutos em que a equipa não esteve em campo levaram-nos àquele inesperado deslize.

Contra o Benfica, foi bastante diferente. Começámos com uma boa atitude e foi visível que tínhamos mais que condições para vencer a partida. Começamos a ganhar e, depois de sofrermos o primeiro golo, demonstrámos uma boa capacidade de reacção. Tivemos a ganhar até perto do fim, mas por falta de concentração colectiva, sofremos um golo já ao cair do pano. Houve também a ausência de James por estar castigado, um falhanço clamoroso de Kléber e uma expulsão perdoada ao Cardozo. Volto a repetir: isso não podem ser desculpas para um colosso como o Porto. No entanto, como diz o Nosso treinador, "é o talento dos jogadores que decide os jogos". E, convenhamos, por melhor que seja o treinador, é diferente ter Varela ou ter o James Rodriguez em campo, por exemplo. Para além disso, por melhor que seja o treinador parece também ser impossível por o Fucile a fazer um jogo grande sem fazer asneira da grossa. Reparem que os dois golos que sofremos neste jogo foram pelo lado direito da nossa defesa.

Neste ponto, discordo frontalmente da opção de Vítor Pereira. Para mim, mesmo antes de começar o jogo, foi incompreensível a decisão de deixar Sapunaru de fora da convocatória. Há muito que venho defendendo que o nosso defesa direito em jogos grandes, com equipas fortes a atacar pelos flancos , tem que ser Sapunaru visto que é indiscutivelmente mais regular em termos defensivos.

De facto, penso que o Fucile não tem competência para ocupar o lado direito da nossa defesa. O que eu digo já não é de agora. No dia 9 de Julho de 2011 ( ainda em pleno defeso), publiquei uma crónica neste espaço, intitulada Os nossos "rivais" adoram o cheiro a derrota pela manhã em que dizia (e passo a citar): "Um portista a sério exige que o Falcao seja o Falcao e que, além disso, tenha o instinto do Gomes e o charme do Domingos; exige que o Rolando seja o Rolando e que tenha ainda a raça do João Pinto e a coragem do Jorge Costa; e exige também que o Fucile vá para casa e não saia de lá.".

Quero deixar claro que considero Fucile um jogador carismático e que, em termos de personalidade e raça (atitude), me agrada bastante. Penso até que, em termos de balneário, é fundamental. Aliás é por isso que me custa tanto criticá-lo. Mas tem que ser. Factos são factos. Fucile não dá conta do recado. Talvez até pudesse render mais como médio do que propriamente como lateral (como acontece na selecção do Uruguai), visto que as suas características não são de lateral: precipitado no ataque à bola, péssimo nos cruzamentos e demasiado ingénuo a defender.

Por fim, o jogo do Zenit. Penso que começamos bem e até estávamos a fazer um bom jogo. No entanto, tudo descambou quando ficámos reduzidos dez; depois a lesão de Kléber também não ajudou nada. Aquele foi, sem dúvida, o jogo mais complicado da fase de grupos. Jogámos fora, após uma longa viagem e contra a equipa mais difícil do nosso grupo. A verdade é que a jogar com menos um jogador, de cada vez que perdíamos a bola o Zenit criava um lance de perigo. A adaptação improvisada do Fernando ao corredor direito foi desastrosa, especialmente perante a velocidade de Danny e Zhirkov. De cada vez que perdíamos a bola, os russos criavam um lance de perigo. Estava a ver que o jogo nunca mais acabava! A derrota em São Petersburgo parecia mesmo inevitável. Este foi um daqueles jogos em que tudo que podia correr mal correu de facto. Mais uma vez, Fucile voltou a comprometer a equipa. Mas quanto a este ponto já disse tudo que tinha a dizer. I rest my case.

A verdade é que quando ganha um ganham todos e vice-versa. Fomos nós todos que empatámos estes dois jogos e perdemos outro - não nenhum jogador em particular. É também todos juntos que vamos já vencer o próximo jogo. É nos momentos menos bons que se vê a grandeza de um Clube. E o Clube que eu tenho a felicidade de amar é muito grande. Não duvido que todos deram o seu melhor. Só que o melhor de alguns não é suficiente para um clube da dimensão do Nosso Porto. Há arestas como limar e ainda há muito campeonato pela frente. Continuo a acreditar firmemente que esta será uma época de grandes sucessos.

2 comentários:

  1. sOBRE o Fucile não concordo nada contigo, mesmo nada...

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  2. Acredita que também não é com gosto que o critico. Mentiria se dizesse que em termos tácticos e técnicos o considero um defesa ao nível do FCP. Quem me dera poder escrever outras palavras sobre ele. Por mais que goste do Fucile como pessoa e personalidade do FCP, não posso esquecer os factos.

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