I want it all and I want it now!

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Segundo um email que recebi pouco depois do terramoto que se fez sentir no dia 3 de Abril num bairro lisboeta muito pouco recomendável, a protecção civil previa uma réplica dessa catástrofe precisamente para meados desta semana. Parece que os tipos da protecção civil são melhores videntes que os da meteorologia, porque a réplica aconteceu mesmo, e exactamente na data prevista. Desta vez o abalo não foi suficientemente forte para provocar um tsunami e deitar abaixo a luz na zona mais degradada do referido bairro, mas ainda assim trata-se de um incidente digno de registo detalhado para memória futura. Os seis milhões de vítimas perderam toda e qualquer réstia de amor-próprio, tendo visto despedaçar-se diante dos seus olhos a triste ilusão em que viveram ao longo dos últimos meses, sem que nada pudessem fazer para impedi-lo. O próprio prestígio do benfica, não fosse já defunto, não teria certamente sobrevivido.

No Porto, por outro lado, o chão não treme. Está firme, é de granito, e é nele que temos bem assentes os nossos pés quando olhamos para a frente com sede de muito mais. Na Quarta-feira foi lindo, lindo, lindo, como havia sido no dia 3 - são imagens que ficarão para sempre gravadas na nossa mente e no nosso coração. Mas se há uma coisa que aprendi nas Antas é que a glória está sempre na próxima conquista. Foi tudo lindo, maravilhoso, histórico. Não o esqueceremos. Honraremos eternamente os heróis responsáveis por esta conquista. Mas quero mais!

Se o Porto é hoje esta máquina de vitórias que nos faz a todos tão felizes, devemo-lo a uma mentalidade de permanente insatisfação, totalmente avessa ao conformismo e ao saudosismo, que uma série de Grandes Homens foi implantando na nossa identidade desde 1893. Esta inabalável ambição, temperada com uma pitada de realismo - fundamental em qualquer estratégia, por permitir uma gestão mais inteligente dos recursos e das emoções -, tem sido a nossa bússola. Vitória após vitória, conquista após conquista, é sempre esse o Norte. É sempre esse o nosso caminho. É sempre esse o nosso destino.

É por isso que eu, assumida realista com queda para o pessimismo, não tenho medo de dizer: acredito em 2011. Não é ambição desmedida e utópica; é o nosso destino. Desde a Supertaça em Aveiro que sinto que este seria um ano especial. Os 5-0, a festa do título na (e sem) Luz e a reviravolta na meia-final da Taça não foram senão aperitivos. Este ano quero tudo. A Supertaça já cá canta, a Liga também. Quero a Taça e quero a Liga Europa. Sobretudo, quero a Liga Europa. Assumi-o desde o início da época e não imagino esta temporada fantástica sem esse corolário mágico. Não quero igualar 2003. Quero ultrapassar 2003.

"Uma vénia aos gigantes que foram buscar a vitória a Braga"

Quero ser Decacampeã e Campeã da Europa de hóquei. Quero ser Tricampeã de andebol. Quero recuperar o título nacional de basket que nos foge desde 2004. Temos grandes equipas, grandes treinadores e eu quero o grand slam. Quero e acredito. E vocês? Querem? E acreditam?

A quem responder afirmativamente às questões acima, tenho um pedido muito importante a fazer: por favor levantem-se do sofá. Há uma série de pessoas a quem este pedido obviamente não se aplica, e escusado será dizer que não devem ofender-se com ele, mas a todos os outros digo, repito e reitero: apareçam.

E não digo isto do alto do pedestal de quem não falta nunca, nem pretendo defender que, para serem verdadeiros Portistas, devam largar todos os vossos compromissos e responsabilidades pelo clube. Pelo contrário: digo-o numa altura em que a minha vida - pessoal, profissional e cívica – está o verdadeiro caos (mas um caos positivo, not to worry, my friends ;)) e mal tenho tempo para rabiscar este mini post. Por essa razão, não tenho conseguido marcar presença em muitos jogos do nosso clube, sobretudo das modalidades, seja no Dragãozinho ou em pavilhões adversários a que gostaria de me ter deslocado com os meus irmãos de sangue azul. E é impossível descrever o quanto isso me dói. Dia após dia, semana após semana, e apesar de estar a viver um período absolutamente vibrante, carrego comigo a mágoa de não estar no Sector 4 naquele momento, de não poder lá ter estado na véspera ou de não poder lá estar no fim-de-semana a seguir. É um peso nos meus ombros.

E é com sinceridade que desabafo não compreender quem se diz Portista e não vai ver as nossas modalidades por opção. Quem ama verdadeiramente o Porto tem que perceber que o seu lugar é no pavilhão, tanto quanto no estádio. Quem ama verdadeiramente o Porto tem que sentir em primeira mão o ambiente no Dragãozinho (quem nunca foi não sabe mesmo o que perde). Quem ama verdadeiramente o Porto precisa saber os heróis que são os nossos atletas das modalidades, o seu amor ao clube, a sua familiaridade com os adeptos, a dedicação extrema que revelam. Quem ama verdadeiramente o Porto sabe bem o quanto me tem doído ficar de fora. Quando não se pode, não se pode, e todos temos as nossas vidas. Mas escolher ficar de fora, escolher não fazer parte, é algo que não consigo mesmo compreender.

Prevejo que a azáfama vá abrandar em breve, pelo que felizmente poderei regressar ao bom e saudável hábito de estar sempre lá. Aguardo o próximo jogo – de andebol na próxima Quarta-feira, espero – com enorme entusiasmo. Ir ao Caixa faz-me bem ao coração. E gostaria mesmo muito de ver o pavilhão cheio. Não apenas na Quarta-feira por ser contra quem é. E não apenas nos jogos que restam por estarmos na fase decisiva dos campeonatos. Gostaria de ver o pavilhão cheio em todos os jogos da próxima época, e da seguinte, e da seguinte. Eis outra das vitórias que quero conquistar este ano: milhares de Portistas por inteiro, que vivam o clube por inteiro. Objectivo realista ou ambição desmedida e utópica?

(Família, amigos, pão de ló e chocolates - uma excelente Páscoa a todos!)