Astérix entre os Dragões

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"Estamos no ano 50 antes de Cristo. Toda a Gália foi ocupada pelos romanos... Toda? Não! Uma aldeia povoada por irredutíveis gauleses ainda resiste ao invasor."

Não é à toa que a introdução feita nos quadradinhos do Uderzo e Goscinny continua actual.
Bastavam uns pequenos retoques no tempo, na geografia e nos sujeitos.
É claro que o Tône acrescentaria, facilmente, que a sua aldeia é agora todo o mundo, ou melhor ainda, o mundo todo.
Mas ai daquele que se atrevesse a tentar colorir as calças do Obélix de cor diferente do original!
De igual maneira que não permitiria mudança alguma nos valores e na mística defendida por paliçadas de madeira ou betão do Dragão.
Mas como o futuro já não é o que era teremos que admitir um par de diferenças.

A primeira, com pena de não poderem ser amarrados e amordaçados, são os bardos do agora.
Uns gordos, outros manhosos. Outros subsídio dependentes, uns que por mais que cantem não encantam nada, nem ninguém.
É verdade que uns mais atentos que outros mas, regra geral, continuam péssimos cantores e de companhia a evitar.

Tem um que canta, desafinado, alvíssaras ao futebol do seu clube.
É o mais bonito que viu na sua vida, exclama.
'Pobre do homem, tem um pouco mais de 50 anos e viu tão pouco futebol! ', diria o Culatra.

Tem outro que, a acordes de gel, não hesita em dar verso ao nosso presidente.
Mesmo quando a música é do José Cid, ou dos GNR.
Pois, ele que chame a polícia.

Tem mais um que não entende por que é hostilizado em certos lugares.
Esqueceu-se já do recital do ano passado, orquestrado pelo seu querido amigo bosta da liga.
Ou, ainda mais fresco no tempo, a actuação dos seus jagunços do cabo sobre a cidade.

Tem ainda um que para cantar tem de tirar a chicla da boca.
Mas este de canto não vai lá. É mais percussão.
Embalado por frangos de oito milhões parte, invariavelmente, para a habitual batucada de final de espectáculo.

E, pergunta o leitor, qual é a segunda diferença?
Aqui entra o Rato.
Os Gauleses só tinham um medo: que o céu lhes caísse sobre as cabeças.
O Rato, além de não ser portador de tal receio ainda quer conquistar a Lua.
Mas com os pés bem assentes no chão!