17 fevereiro, 2011

A tradição não pode ser esquecida

http://bibo-porto-carago.blogspot.com/

Cresci ao mesmo ritmo que a dimensão do FC Porto.
Tive a felicidade de me fazer homem numa altura em que tínhamos acabado de matar o “borrego” de estar 19 anos sem campeonatos, iniciando um domínio interno e concretizando vitórias por esse Mundo fora.
Habituei-me a ver um FC Porto com jogadores como João Pinto, Lima Pereira, Gomes ou André e depois Vítor Baía, Fernando Couto, Jorge Costa ou Paulinho Santos.
A força do Porto que vi crescer, sempre esteve na união do seu grupo, na “blindagem” do balneário e na disciplina. Foram estas as características que nos fizeram ser quem somos e que nos demarcaram dos demais.

Vem isto a propósito das alterações de quotidiano que fomos tendo, e por aquilo que ultimamente tenho observado, essas alterações têm acontecido também em alguns dos pilares em que assentou o nosso crescimento.

Sou um eterno tradicionalista, e até esta coisa de escrever num blogue me faz um bocado de confusão. Não sou adepto das novas tecnologias, das redes sociais, dos sms, ou dos e-mails.
Como qualquer cidadão, tive que me adaptar ás exigências do dia a dia, e como tal, tive que me render em particular aos e-mails.

Também no futebol, as coisas mudaram, os tempos são outros, as mentalidades são outras.
O futebol moderno lançou as suas garras, as tv's dominam o negócio, os mercados emergentes sul americanos são os mais procurados, a formação interna esquecida.
O FC Porto não é excepção, sendo que obviamente algumas das alterações são meras formas de acompanhar o crescimento e alterações da indústria.
Ainda assim, acredito que existem valores que não podem ser perdidos, e é precisamente isso que me preocupa.

Voltando a puxar pela memória, para além de me ter habituado a ver exemplos de profissionalismo com a camisola do nosso clube, não me esqueço de alguns outros que lhes custou a perceber o que era o FC Porto, mas que não deixaram de marcar épocas por essa razão: quem não se lembra das dificuldades disciplinares de Futre, Elói, Juary, António Carlos, Paulinho César, o próprio Madjer ou até Yuran???
Certamente que todos se recordam de episódios destes jogadores, mas sempre com final idêntico: a rendição à disciplina do FC Porto ou a porta da rua como destino.

É por isso com alguma dificuldade que hoje em dia compreendo a gestão dos supostos problemas disciplinares que vão surgindo, e note-se que o problema não é o seu aparecimento, mas sim o seu combate, pois ao que se vê, a reacção a tais eventuais actos é o afastamento da equipa e não o trabalho redobrado ou penalizado.
Questões disciplinares sempre existiram e sempre vão existir em todos os clubes.
Mas se há coisa que me faz confusão é penalizar duplamente o clube.
E de que forma? Vejamos: se um atleta não cumpre o regulamento interno, seja porque razão for, desde logo está a fazer algo que influência o seu rendimento desportivo. Resultado: sai o clube penalizado pois está a pagar um salário a um atleta que não põe ao dispor da equipa a totalidade do seu potencial e rendimento.
Mas se a penalidade do jogador for a de não jogar, então o clube sai duplamente prejudicado, pois para além do atrás referido, não terá ao seu dispor um atleta que entende ter valor para envergar a nossa camisola e que mesmo podendo não estar no seu melhor, tem que perceber que jogar é a sua obrigação, e como tal, exige-se um comportamento adequado. Só desta forma ele corrige comportamentos desviantes, pois se assim não for, entra numa dinâmica de puro lachismo.

Solução para os problemas disciplinares? Multas pecuniárias ou horas extra de trabalho, melhorando a sua performance e os seus índices competitivos.
O atleta não cumpre o regulamento que é sua obrigação, o clube não cumpre igualmente a sua obrigação de lhe pagar o salário acordado no final do mês! Se não tem um atleta a 100%, também não paga o salário a 100%.
E o que é facto é que durante muito e muito tempo isto foi prática na nossa casa mas parece ter-se perdido.

Voltando ás tecnologias, o último grito da moda, naquilo que considero actos de indisciplina, são os desabafos dos jogadores através das redes sociais. É que desta forma a tal “blindagem” do balneário fica impossível.
É o Fucile pelo facebook, que depois diz que não foi ele que escreveu, é o Guarin no Twitter, e até o Falcao me incomoda um bocado com os seus comentários no Twitter sobre todos os passos que vai dando, mesmo quando está ao serviço do clube em estágios.

Será que não há alguém que diga a estes senhores para brincarem com outra coisa que tenham à mão?
Será que não há ninguém que os alerte que a comunicação social parasita está sempre à espreita de um desabafo para fazer um caso?
Será que ninguém lhes diz que isto é o FC Porto, e portanto não andam na praça pública a pôr em causa as escolhas do treinador? Isso é para os lados da 2ª circular!
A estrutura não impõe o devido respeito e código de conduta?

Perderem-se conceitos como disciplina e blindagem de balneário, não são em minha opinião bons indicadores.
Sempre fomos reconhecidos como uma escola de virtudes, onde se criam jogadores, homens e bons profissionais. Onde se corrigem comportamentos desviantes, onde se ensina o que é ser jogador de futebol, onde se mostras as exigências dessa profissão.

Poder-se-á dizer que a época está a correr bem, pelo que estes problemas não se têm sentido muito.
Pois é meus caros, alerto agora quando se vêm alguns sinais de má gestão desses casos, pois depois de eles serem do nível daqueles que vemos nos nossos rivais, qualquer um falará e apontará o dedo. Convém aos primeiros sintomas, “matar o vírus”, e se for caso disso, ir buscar o chicote dos anos 80 e 90, pois ele ainda pode ser bem útil e actual nos dias de hoje.

Os jogadores passam, os treinadores passam, mas nós continuamos cá a sofrer pelo nosso clube e a desejar que certos valores de um passado não muito distante, não sejam metidos na gaveta.

Um forte abraço rumo ao título!!!

5 comentários:

  1. Post muito oportuno.
    No FC Porto, desde a era Pinto da Costa e Pedroto que há regras “sagradas”, que há um código de conduta inalienável, que há rigor e disciplina. Seria intolerável que isto tudo desaparecesse. E digo “seria”, porque nem quero pensar que estes “bons costumes” tenham sido erradicados das normas de procedimento. Espero que os casos narrados e conhecidos de todos sejam resolvidos no âmbito da disciplina regulamentar.
    É um desejo, por isso louvo (e muito) este magnífico e pertinente post do Norte. Parabéns!

    Para o Norte, um abraço azul muito forte!

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  2. «Será que não há alguém que diga a estes senhores para brincarem com outra coisa que tenham à mão?
    Será que não há ninguém que os alerte que a comunicação social parasita está sempre à espreita de um desabafo para fazer um caso?
    Será que ninguém lhes diz que isto é o FC Porto, e portanto não andam na praça pública a pôr em causa as escolhas do treinador? Isso é para os lados da 2ª circular!
    A estrutura não impõe o devido respeito e código de conduta?»

    Se é um facto que todos, incluindo o F.C.Porto, se têm de adaptar às novas realidades, também entendo que quando essas realidades são mal usadas e se podem virar contra nós, temos de fazer alguma coisa. Concordo por isso com o parágrafo que citei e o clube tem de tomar decisões, independentemente de quem são os jogadores.

    Aquele desabafo do Guarín é absurdo, uma falta de respeito para com o treinador, colegas e Instituição. Acredito que não se vai repetir... Há regras que têm de ser cumpridas e quem não estiver bem que se mude... A melhor forma de mostrar a um treinador que está errado é dentro do campo e não em redes sociais.

    Um abraço

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  3. Identifico-me totalmente com o que foi escrito. Cortar as asas desde já para q depois não soframos consequências. Eles são pagos é para meter a bola na baliza.

    Força Porto!

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  4. Sinceramente, não concordo com isso.

    Não vejo problema nenhum em ver os nossos jogadores a utilizar Facebook/Twitter...

    O clube não ganha nada em ser assim tão fechado. E quanto às borlas e rascacord, apenas nos dá mais força as suas capas.

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  5. "Os jogadores passam, os treinadores passam, mas nós continuamos cá a sofrer pelo nosso clube e a desejar que certos valores de um passado não muito distante, não sejam metidos na gaveta."

    Esta é que é a realidade!


    BIBÓ PORTO

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