O Mundial de 2010 que só foi em 2010 para chatear o Benfica

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Aviso: esta semana, vou dedicar-me, com especial afinco, a achincalhar o clube do bairro da Segunda Circular! Com esta crónica, pretendo que, a partir de hoje, os portistas ganhem todas as conversas de café sobre futebol. Os jogadores ganham no campo, nós ganhámos nas ruas do país.

Só mais uma coisa: se votarem nulo escrevam, por favor, a seguinte frase: "Villas-Boas faz-me um filho!". Ou, caso não estejam para mariquices, optem pelo clássico: "FCP, a vencer de 1893". Conto convosco para dar alguma utilidade aos boletins de voto!

Diário de uma crise: capítulo II

Na última crónica, anunciei aqui a crise profunda crise em que o Porto tinha mergulhado depois daquela insípida derrota com o Nacional, para a Taça da Liga. O jogo com o Marítimo veio confirmar (e agravar) essa crise. Malditas equipas da Madeira! Ganhámos por uns escassos 4-1. Uma vergonha! Que saudades daqueles tempos em que, a jogar em casa, despachávamos os nossos adversários por esclarecedores 5 a 0. Mas isso era antes da crise. Contudo, e apesar do resultado , também houve aspectos positivos no jogo contra o Marítimo. Por exemplo, aquele primeiro golo do Guarín. Quando vi aquele golo, percebi por que é que acusam os portistas de serem violentos . Realmente, não há direito de arrebentar um petardo daqueles mesmo no meio do relvado. Podia ter aleijado alguém. Para quem não viu o golo, a distância entre o sítio donde o Guarín pontapeou a bola e a baliza é ligeiramente menor do que a distância que separa o Porto e o Benfica na tabela classificativa. O rapaz rematou mesmo de longe !

Já a meio da semana, goleámos o Beira-Mar. Sinceramente, começa a passar dos limites. Com uma goleada por semana, ainda me aguento. Com duas, já me começa a fazer mal ao ácido úrico. Rapaziada, vamos lá ter mais calma! Comecem, por amor da santa, a jogar um bocadinho pior. Eu gosto de ver os jogos descansado. Não há direito de me obrigarem a festejar tantos golos. Uma pessoa já não pode ver um jogo do princípio ao fim sentada? Ver o Porto esta época é uma canseira. Uma pessoa mal se acaba de sentar, é logo obrigada a levantar-se, porque os rapazes marcaram mais um golo. Um adepto portista cansa-se mais a festejar os golos do que o Helton dentro do campo. Villas-Boas, vê lá se fazes alguma coisa pela malta! Isto de marcarmos tantos golos não pode continua.

O Jardel, o Super Manco!

Notícia da semana: o Benfica contratou Jardel. Quando li a notícia, o primeiro pensamento que me ocorreu foi : "O quê?! O Super Mário vai voltar aos relvados?!". O segundo pensamento que me ocorreu foi: "Coitado! Deve estar mesmo desesperado! Depois do Beira-Mar julguei que não fosse possível descer mais na carreira...!"- estava, como é óbvio, a esquecer-me que Mário Jardel já jogou no Sporting. Não me recordo do terceiro pensamento que me ocorreu ao ler a notícia, mas ocorreu-me um, de certeza - até porque os pensamentos costumam ocorrer-me com bastante frequência.

Fez-me alguma confusão a hipótese de Mário Jardel, nesta fase da sua vida, voltar a representar um grande clube. Mas, não se esqueçam, estamos a falar de um clube de bairro. A verdade é que, neste momento, o "verdadeiro Jardel" está em pior forma física do que o Nuno Assis sem doping. Mas se o César Peixoto pode fazer parte daquele plantel, qualquer um pode. Aliás, em Maio de 2009, Super Mário, aquele que marcava golos, deu uma entrevista ao Destak em que dizia: "Comigo o Benfica é campeão!". Ao que Luís Filipe Vieira terá respondido: "Com Vítor Pereira também!".

Bom, depois de muito esforço, lá consegui compreender que o jogador que o Benfica contratou não era o bibota de ouro. Trata-se, isso sim, de um jovem central de 24 anos - repito, de 24 anos, contratado a essa grande potência do futebol mundial, a Olhanense. Estamos, portanto, perante uma cópia falsa! Jardel, meus caros, só há um. O Super Mário e mais nenhum! Mais: se queriam arranjar um produto de contrafacção, não deviam ir ao mercado de inverno, mas sim ao Mercado da Ribeira. As peixeiras costumam ser bastante atenciosas com a malta de Lisboa.

É por isso que estou convencidíssimo de que o Benfica só contratou este Jardel porque o nome faz lembrar Mário Jardel. O que acaba por não fazer muito sentido: se queriam alguém que fizesse lembrar o Super Mário, por que é que não chamaram o Chalana? Já tem o bigode. Só faltavam as jardineiras! Era, portanto, uma questão de falar com o Avô Cantigas.

Já depois de ter assinado contrato com o clube da águia, Jardel ainda disputou o Olhanense- V.Guimarães. Não se pense, porém, que foi o único elemento afecto ao Benfica a marcar presença nesse jogo: a equipa de arbitragem de Marco Ferreira também esteve a um bom nível.

Quando oiço benfiquistas fazerem trocadilhos jocosos com o nome do melhor goleador do campeonato, respondo com apenas duas palavras: Fernando Aguiar. Ou será mais correcto dizer: Robocop? Se mesmo assim não se calarem, mostro-lhes a tabela dos melhores marcadores do campeonato. É remédio santo!

O Mundial de 2010 que só foi em 2010 para tramar o Benfica　

No início da época, a desculpa de Jorge Jesus para os maus resultados foi: o Mundial de 2010. Como o leitor saberá, o Mundial de 2010 só foi realizado em 2010 para prejudicar o Benfica. É, aliás, sabido que chegou a estar em cima da mesa ( que, de todas as peças de mobiliário, é onde melhor ficam coisas em cima) a hipótese do Mundial de 2010 se realizar em 2012. No entanto, os gajos da FIFA ( peço desculpa pelo uso dum vocabulário tão rigoroso) acharam má ideia. Uma vez que, ao que parece, para 2012 já está agendado outro grande espectáculo de nível mundial: o fim do mundo. Espectáculo esse que poderia retirar público (nomeadamente, através da morte) aos estádios da África do Sul. Ah - não sei se já tinha dito - se o Mundial de 2010 fosse em 2012 isso não prejudicava o Benfica. E a penalização do Benfica é uma questão muito sensível, não só para a FIFA, como para todas as organizações mundiais. Até a Al-Qaeda possui um infiltrado no Caixa Campus Seixal. O nome de código do terrorista é: David Luiz. Psshhht, não digam a ninguém.

Apesar de tudo, e por muito que me custe a admitir, o Benfica tem razão num aspecto: uma equipa cujos jogadores tenham participado no Mundial está condenada a começar mal o campeonato. Não há volta a dar. Veja-se, por exemplo, o caso do Barça: a sua equipa titular esteve toda no Mundial; a maioria desses jogadores disputaram a final; quase todos iniciaram as férias depois dos jogadores do Benfica. Em que lugar está o Barcelona no campeonato espanhol? Surpreendentemente, isolado no primeiro lugar. Mas a gente sabe que é sorte.

Mais uma vitória que se vai embora!

Até há um mês atrás, antes do início de cada jogo no Estádio da Luz, o espectador era presenteado com um galináceo esgrouviado a fazer um voo picado com o fito de se ir lambusar num naco de presunto - que se encontrava estrategicamente colocado sobre o símbolo do Benfica. Digam o que dizerem, era bonito ver um pedaço de carne de porco a besuntar de gordura o símbolo do Benfica.Infelizmente, esse belo espectáculo não se voltará a repetir. A águia Vitória trocou Lisboa por Roma. Deram a escolher ao bicho entre duas capitais, e ele, obviamente, escolheu aquela que tem menos sarracenos. A ave é irracional, mas não é parva! Dizem os amigos próximos da Vitória, o canário Arnaldo e o pisco Vitorino, que o bigode do Vieira também já lhe estava a fazer alguma confusão. Acho que o animal não conseguia perceber muito bem se aquilo era um bigode ou uma ratazana obesa.

Com o adeus à águia Vitória, os benfiquistas perderam o único pretexto que ainda lhes restava para gritarem "Vitória, Vitória!" naquele estádio. É triste quando as pessoas perdem a ilusão. Talvez seja altura de arranjarem um urso malabarista chamado "Campeões". Fica a sugestão.

Mas, deixemos, por momentos, os facciocismos de lado. Há que reconhecer: assistir aos jogos no Estádio da Luz era duplamente divertido . Por um lado, víamos o Benfica perder; por outro, víamos a actuação de um animal amestrado. Dois belos espectáculos pelo preço dum bilhete. É bonito quando o futebol e as artes circenses dão as mãos. E não estou a falar dos penalties a favor do Benfica - embora estes normalmente também aparecem por magia.

Os benfiquistas acham que a águia Vitória fazia aquele voo picado por amor ao clube. Caros sarracenos, se havia alguma coisa pela qual a Vitória sentia amor era pelo presunto que abocanhava, de cada vez que fazia aquele voo estúpido. O que, aliás, demonstra que a Vitória era um bicho inteligente: um bom naco de presunto é bastante mais agradável do que o Benfica. Mesmo um intragável naco de presunto consegue ser mais agradável do que o Benfica.

Temos que admitir que o Benfica esta época está imparável. Ainda a temporada vai a meio,e o Benfica já se pode gabar de ter perdido duas "vitórias": a do voo esgrouviado e a do campeonato. Esta capacidade para mandar vitórias às malvas (e para Roma) não é para todos. Isto só está ao alcance de grandes clubes. Ainda assim, pelo que tenho lido na imprensa, as hostes encarnadas estão muito mais preocupadas com a adeus à Vitória - aquela com penas - do que com o facto de a vitória no Campeonato estar completamente hipotecada. Entre "vitórias" há que escolher. Ainda a época está longe de ter acabado, e o Benfica já tem duas "vitórias" a menos em relação à época transacta. Não há dúvidas: são um exemplo para nós, Portistas.