06 dezembro, 2008

Bonfim de vitórias… 3 pontos, o resto são estórias!!!

Grato silêncio, trémulo arvoredo.
Sombra propícia aos crimes e aos amores.
Hoje serei feliz! Longe, temores.
Longe, fantasmas, ilusões do medo.
(…)

(excerto do poema “Esperança amorosa” de Bocage)

Concomitantemente à invernia que assola terras lusas, irrompeu, (a meu ver), ainda que com menor intempestividade, uma invulgar letargia dos midia, mais abúlicos e dormentes que o habitué, foram condescendentes na dissertação dos factos da realidade bipolar que grassa na liga Sagres.

Por vezes em pólos opostos, mas sem gritarias e useiros histerismos arbitrais calimerianos, mesmo perante a macrocefalia do habitual gigante adormecido, decorrido um terço do campeonato, a tabela, ousa, para infortúnio dos demais, confirmar a liderança nas mãos de gente, cuja vibrante e extenuante capacidade de competência, se assemelha com as bases genéticas de homens de fôlegos inveterados, que dobram a força das ondas, sob intempéries e/ou abruptos raios fustigantes de canícula, de forma a trazerem o sustento para o lar.

Se ainda não correlacionaram as linhas anteriores com o adversário dos azuis e brancos deste fim-de-semana, talvez um qualquer monólogo interior facilite a tarefa, fica uma pista!!!... Na época transacta também o escalonamento pontual do campeonato patenteava “novos” emblemas em lugares até então vulgarmente destinados a lutas menores mas que ainda assim permitiam o encaixe de alguns cobres.

Feito o intróito preludiano, vamos a antevisão da visita dos azuis e branco a terras sadinas.

Confesso que ao contrário de Jesualdo o empate dos do Bonfim em terrenos da 2ª circular me surpreendeu, e que perante tal desempenho, concretizo a ideia de que existe um Setúbal de duas caras nesta Liga…um Vitória antes da Luz, amorfo sem expressividade nos resultados, espartilhado no desenvolvimento do seu fio de jogo, capaz de perder no seu terreno perante o Trofense ou de reabilitar o Marítimo na ressaca Europeia, isto mesmo depois de ter cumprido serviços mínimos perante adversários do seu campeonato, mas sem a chama concretizadora patenteada na pretérita edição da liga.

No pós Luz, ainda que as custas de uma bicicleta do (Ó)utro mundo, deparamo-nos com um conjunto exacerbado na auto-confiança, reabilitados na sagacidade de atirar à baliza contrária, depositam confiadas boas venturas na arte de congeminar os inegáveis méritos com a argúcia estratégica de Daúto Faquirá.

Do manancial de recordações e historial estatístico verifica-se um equilíbrio entre vitórias azuis e os outros dois resultados possíveis, (60jogos, 29V portistas, 15E e 16D), transversal a estes dados é o facto de os Sadinos não vencerem os Dragões vai para duas décadas, desde então um registo quase imaculado para os azuis de 27 vitórias e 4 empates, sendo que perdeu 19 dos últimos 20 jogos.

Mas nem só destes números vive a história do jogo, que em outros tempos caminhava paredes meias com a mesma conotação de Clássico, sadias lutas entre emblemas que mesmo rivalizando no relvado, viam por força do mercado de transferências cruzar os seus destinos e entrelaçar a história, foi assim com o Mestre Pedroto, Octávio e muitos outros, hoje o cenário é em tudo diferente e o velho Bonfim assemelha-se a um entreposto comercial de 2ªs escolhas Azuis e brancas, onde pontificam nomes como Bruno Gama, Bruno Moraes, Bruno Vale e Leandro Lima que procuram no clube a beira Sado a ponte para outro voos, outros há que lançaram ancora por terras sadinas, Elias e Sandro, conhecem o sabor de ser campeão de Dragão ao peito, sendo nos tempos que correm dos que mais se destacam no labor do futebol sadino.

Daúto, já provou ter a fórmula para travar o Dragão, umas vezes remetido a defesa profiada, outras assente numa laboriosa linha média com laivos de requinte técnico, quase sempre coadjuvados por constantes setas ciclísticas apontadas as balizas forasteiras que remetem o último reduto forasteiro para constantes sobressaltos e inquietação defensiva.

Este Sábado o embate não se vislumbra menos apetecível para os vitorianos, e nova possibilidade de desfeita não será enjeitada, Janicio e um lateral ás direitas, os centrais, Robson, Auri, Anderson, durinhos e fortes no jogo aéreo, a zona média giza lances de futebol apoiado, sempre com muitas ajudas na bola, muito capacidade de contenção e futebol entrelinhas, composta por Elias, Ricardo Chaves, Cissokho, Bruno Ribeiro e Mateus, é pau para toda a obra e com grande aptência pelo golo.

A sombra deste trabalho de sapa vivem os avançados, Leandro Lima, Carrijo, Saleiro, Laionel e Bruno Gama, que fazem da velocidade a principal arma nas intenções de visar as redes contrárias.

Da semana de trabalho do Dragão sobra o plano de intenções estratégicas de causticar não só os que fazem a diferença, Hulk, mas também aqueles que alheados do melhor desempenho trabalham invisivelmente para o colectivo, Lucho.

Não obstante as diatribes alheias no minar da confiança do Dragão, Jesualdo concede ao seu muito gozo a insensatez de baralhar voltar a dar e alguns de fora deixar em nova incursão pela teoria da rotatividade. Sem conseguir apresentar um quarteto defensivo igual em dois consecutivos encontros, mais fruto das constantes debilidades físicas que dos devaneios próprios, opta agora e quando se perspectivam novas nuances no ultimo reduto azul, por mexer na pedra basilar do organigrama de competência do centro nevrálgico do sistema de jogo azul… Meireles aparece como surpresa maior em face da ausência, ele que é só o melhor par para o efectivar de golos.

O Sado, volta a ser palco de nova prova de fogo, não só da estabilidade defensiva, mas agora também a avaliação do meio campo sem o seu patrão da época em curso, o devaneio do mister obriga a remodelação, origina o normal atraso no entrosamento dos processos, é certo que Tomás Costa garante até pela sua polivalência um lugar no Onze, por força da circunstâncias Lucho apesar de tudo volta a ser denominador comum na formula das transições e processo de jogo ofensivo, com todas as valências e incongruências que o seu estado lastimável de acção no jogo mostram.

Mas a lista dos convocados encerra em si outras perspectivas vindouras, Tarik volta a liça, e Guarin é outro que depois dos elogios últimos figura nos eleitos, não sei mesmo se nas entrelinhas dos últimos discursos, não esta à bica a titularidade e a possibilidade de redenção do Colombiano!?!?!?

Se é verosímil que com o andar do campeonato cada jogo se reveste de capital importância, não deixa de ser tão ou mais sensato pensar que ao Dragão resta capitalizar todos os três pontos possíveis, seja em que campo for. Ninguém espera hoje em dia jogos fáceis, é indubitável que os azuis e brancos convivem bem com a pressão de estar no topo, falta também saber como convive com a pressão de correr no encalço do topo, sabendo que os percalços auto determinam níveis de ansiedade elevados, potenciando situações de egocentrismo pouco consentâneas com dinâmicas de colectivismo.

Para que estória de vitória em Setúbal se repita, ainda que construída com outros nomes, falta apenas que a equipa que enverga trajes azuis, que ostenta as quinas de campeão se reabilite e faça o seu papel de conjunto competente, organizado, recheado de valores técnico/tácticos, onde sob a batuta de algumas das suas melhores individualidades, se transforme, sob um qualquer relvado deste País à beira-mar plantado, num rolo compressor de futebol de alta rotação.

Não restam pois alternativas que não as de seguir as recomendações do poeta de terras do Sado, jogos em que o resultado tenha três pontos como bom fim, não cabem nem se compadecem com equipas sadomasoquistas, em que a cada lance se ressuscitem fantasmas antigos, em que o temor entorpeça a capacidade de luta e o medo ofusque não as ilusões mas as nossas pretensões.

LISTA DE CONVOCADOS
Guarda-redes: Helton e Nuno.
Defesas: Pedro Emanuel, Fucile, Lino, Benitez, Bruno Alves e Rolando.
Médios: Fernando, Bolatti, Tomás Costa, Guarin e Lucho.
Avançados: Tarik, Mariano, Christian Rodriguez, Lisandro, Hulk e Farias.

6 comentários:

  1. Post atestado de palavras de uso domingueiro ! Depois de 52 anos de morar longe , confesso q hoje fui consultar o dicionario por 2 X !
    Mas, em 2 pratos, isto nâo sai da regra do venha-a-nós os 3 pontinhos
    Contra argucias Fáquirosas ou vs 1pelotâo de ciclistas, o (cá nosso) FCPorto tem que levar tudo isso por diante , porque estes (bravos) do Sado empataram mas foi com uns pobres manquitós , e isso nâo é um (méritaço) q lhes outorgue nenhuma fortaleza+ q nos possa travar na via ao 1º lugar. Que já está perto!
    É p`ró Tetra,o resto é só paisagem!
    BIBÓ FCP, ALINHE COM QUEM ALINHAR !

    ResponderEliminar
  2. Hoje é mais um passo rumo ao título. Será bom que, sem invenções de última hora, os jogadores estejam devidamente compenetrados da importância do jogo.

    Uma vitória é um consequente aumento da pressão sobre os encarnados.

    A equipa será a que o Bruno apresenta, depois da surpresa da ausência de Meireles. Novo jogo, nova roupagem, mas mantendo o figurino habitual, com o tridente atacante a permitir sonhar.

    Vamos a eles!

    ResponderEliminar
  3. Viva !

    Eu apostaria mais no Lisandro no eixo do ataque. Quanto ao resto, concordo.

    Se estamos a um terço do campeonato, mais uma razão para não perder pontos.

    Bruno Rocha : Obrigado por teres lembrado Bocage que tinha esquecido ( mas isto já não tem nada a ver com o futebol ).

    Espero poder ver o jogo.

    Vamos esperar.

    E Viva o Porto !

    ResponderEliminar
  4. Força Porto, dá-me estes 3 pontos !

    Estive em Fânzeres, FC PORTO 7-1 o.barcelos

    Abraço

    ResponderEliminar
  5. Espero uma vitória. Só espero que não pensem no Arsenal. Este 3 jogos são os mais importantes deste campeonato. Se ganharmos é o arranque decisivo para o tetra.

    PORTO SEMPRE!

    ResponderEliminar
  6. Lá vou eu sair de casa para ir ver o Porto na Sporttv. Só mesmo o Porto para me fazer sair de casa com este tempo!

    ResponderEliminar