21 setembro, 2007

Let's looka étatraila

Era assim que Lauro Dérmio, aquela impagável personagem, criada no auge da sua verve humorística por Herman José, se referia no decurso da sua profissão de comentador de cinema, ao analisar as estreias semanais.

Este revivalismo tem a sua razão de ser. Foi um amigo que me chamou a atenção para um folhetim que anda a ser publicado, diariamente, num "insuspeito" jornal cá da paróquia. Sem grande dificuldade, pois os pasquins cá do sítio, ao contrário dos da velha Albion, contam-se pelos dedos, já devem ter descoberto que me refiro ao "Correio da Manhã". Como ainda estamos, cronologicamente falando, dentro dos limites temporais da "silly season", achei inicialmente que a notícia para a qual fui alertado continha as típicas características, para ser encarada com indulgência. Mas não. Nisto, o "Correio da Manhã" não brinca em serviço. Nem prima pela originalidade, mas isso é outra história. A culpa, quanto a mim, é de vários factores: Portugal estranhamente não arde, este Verão, Bush ainda não invadiu mais nenhum incauto País, nem existem ministros que cometam atentados ao pudor, numa qualquer praia algarvia. Vai daí, também não será justo exigir mais dos pobres escribas do jornal, pois não?

Como alguns de nós já se aperceberam, o acompanhamento mediático do filme de João Botelho, com argumento dessa musa da nação, a Leonor Pinhão - para quando uma plástica nessas fuças, baby? - tem sido seguido, a par e passo, pelo jornal do grupo Cofina. Diariamente - diariamente, todos os dias, diria Lauro Dérmio - lá está um espaço generoso guardado gentilmente por um jornalista pressuroso.

O título diz tudo. O olhar de Virgílio Castelo também. Um pormenor que faz toda a diferença. Os nomes das personagens: "Sofia", "Dono do Bar" e "Vice-Presidente" aparecem entre aspas. Curioso. Deve ser para o caso de pensarmos que aqueles são mesmo os nomes reais.

O acompanhamento da rodagem é de uma minúcia única, de fazer inveja às revistas especializadas, ou mesmo aos míticos "Cahiers du Cinema". O filme de João Botelho corre sérios riscos de ser o mais visto, mesmo antes de ter estreado. Convenhamos que o enredo é suficientemente apelativo para colocar a "malta do naprôn"* a salivar...

Mas a Notícia - assim mesmo, com maíuscula - é a que se segue, com o tratamento destinado a vedetas do meio ou qualquer contratação galáctica no mundo do futebol. Ora atentem:

Leram bem? Qual Tom Cruise, qual Brad Pitt, o nome ventilado pela imprensa, num exclusivo nacional, é a "star". Ele mesmo. O principal ponta de lança benfiquista, durante anos a fio a porfiar na Liga de Clubes, fazendo um trabalho de sapa na defesa intransigente do seu clube, muitas vezes ao arrepio das mais elementares regras de imparcialidade e equidade - mas isso não importa aos impolutos deste país - tem agora o reconhecimento do seu trabalho. Figurante numa super-mega-hiper produção, ele vai entrar, qual Floribella do celulóide, quiçá a caminho do estrelado, sonhando com a meca do cinema, lá longe, nos States. E, se um mero figurante, mesmo que seja Cunha Leal, é apresentado com esta pompa e circustância, é porque o filme é bom, não é?

Mas, naquele típico afã de informar, o "Correio da Manhã" não descura nada. Procurando criar um laço com o leitor, seja ele de ocasião ou não, até conseguiu criar um toque novelesco. Como quem diz, as "cenas dos próximos capítulos". Vejam as próximas...

Emocionante, não? "Sofia" desentende-se com um cliente na boate. Isto é simplesmente prodigioso, a nível cénico. Se o argumento for todo desta qualidade, a boçalidade não irá de férias, quando a "obra-prima" estrear.

Com o êxito esperado, João Botelho e a sua musa, a cronista futebolística mais parecida com o Schreck que temos cá no burgo, preparam já a sequela, com novas e bombásticas acusações contra Ele: Jorge Nuno e a sua aliança com Alves dos Reis, na falsificação de notas mais famosa da história, a sua participação no atentado falhado a Salazar e, last but not least, o célebre terramoto de 1755, que escavacou Lisboa a mando dele. A não perder, num cinema perto de si...

* "malta do naprôn": espécie derivativa do homem de neandertal, conhecida por alguns estereotipos casuísticos: gostam de ter o belo do naprôn branco, com aqueles rendilhados, em cima da televisão, passeam em família aos domingos, num qualquer centro comercial, vestidos com os seus garridos fatos de treino, a bela da peúga branca com raquetes, ostentando com orgulho as correntes de ouro ao pescoço. Os espécimes masculinos são também facilmente reconhecíveis por coçarem os tomates em público, terem vários dentes cariados, andarem com um palito na boca, ruminando sucessivamente e por falarem do seu clube de futebol como o "glorioso".

nota: Nunca entendi o fundamentalismo. Sempre abominei que alguns procurassem, através do terror, fazer prevalecer as suas idéias. Abominei as manifestações de extrema violência aquando da polémica dos cartoons, gozando com Maomé. Não percebia a razão para tanto ódio. Até que, num paralelismo não muito rebuscado, vi que eu não sou assim tão diferente deles. Também eu sou visceral nos meus sentimentos. Também eu odeio com intensidade. Também eu defendo a minha religião [o portismo] de forma fundamentalista. Mas, para grande sorte de João Botelho e Cª, Portugal é [ainda] um país de brandos costumes. Pior sorte teve um colega de profissão do cineasta, Theo Van Gogh, assassinado por um muçulmano por causa de um documentário sobre a condição de vida das mulheres no Islão. Imagino eu o que aconteceria ao marido da Leonor Pinhão se vivesse noutro local. Ao atacar assim um dos baluartes desportivos de uma nação, linchando publicamente, à imagem das milícias populares, o seu presidente...

ps - o prazo termina este fim-de-semana para a procura d’uma nova ‘bitaiteira’ para se juntar ao nosso grupo de trabalho… tu, que és menina/mulher e nos lês diariamente, que esperas para nos contactar e te candidatares a tão honroso cargo?

6 comentários:

  1. «João Botelho e a sua musa, a cronista futebolística mais parecida com o Schreck»

    Paulo eu sou um fã do Schreck, não havia necessidade de o rebaixar desta forma:) Ele só tem q fazer um pouco de dieta e esconder as orelhas, já a pinhão é um caso perdido:)

    Qt ao fundamentalismo, eu penso q gravaram o filme bem longe do Porto...

    qt ao link do estilhaço estou para ver o destqque q esta notícia vai ter...a PJ queria investigar o caso Mantorras e o Ministério Público n deixou...Este País está no charco.

    Paulo, parabéns por mais uma bela crónica.

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  2. Paulo, tu e os teus filmes noveleiros LOL
    Nem de férias dás descanso à mouraria carago... sempre de prego a fundo, sem dó nem piedade!
    Bora lá, tou contigo carago!
    aKeLe aBrAço,
    http://bibo-porto-carago.blogspot.com/

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  3. Excelente Post Paulo Pereira, parabéns 

    Realmente depois de tudo o que disseste dá vontade de dizer o seguinte:

    PORTUGAL ESTÁ MESMO MUITO MAL!!!

    Mas cabe na cabeça de alguém com o mínimo de civismo este acompanhamento medíocre, baixo, sujo, rasca por parte de alguns órgãos da Comunicação Social de um filme que não tem o mínimo de credibilidade e bom senso?? Como é possível dar-se este ênfase depois de se ter falado na Praça Publica de que este Livro que serve de base ao Filme de nome Eu Carolina não passa de uma Fraude com todas as letras fruto da imaginação desta autora Contemporânea Portuguesa de nome Leonor Pinhão que de certeza que dentro daquela cabeça deve ter muito Pinhão e inteligência nenhuma e ainda dão este ênfase e espectáculo??

    Sabem qual é o mal deste País é o facto de ainda haverem muitas Mandas Vermelhas e destas estarem saudosas dos tempos do Regime Salazarista e para que estas tenham uma grande produtividade então há que entretê-las para que andem todas felizes e bem disposta, mas entretê-las á custa do Bom nome das pessoas que não querem por mérito e direito próprio fazer parte destas Manadas Vermelhas onde reina o ódio e estupidez…

    Como podem estes profissionais da Comunicação Social dar importância e até ceder uma coluna de opinião neste jornaleco de nome Correio da Manhã a uma pessoa que é uma autentica Extorquista/manipuladora/traficante de Droga de nome Carolina??? É um absurdo e um atentado á inteligência das pessoas…

    É por estas e por outras que começo a pensar se realmente ainda terei orgulho em ser Português… Prefiro SER NORTENHO E PORTUENSE e adepto do clube que mais sucesso tem alcançado a nível interno e externo que é o nosso Futebol Clube do Porto!! De Coimbra para baixo já estou a ver que a maioria é só Mentecaptos invejosos e carregados de ódio… Para o Inferno com todos eles!!!

    Saudações Portistas

    http://sargentodeferro.blogs.sapo.pt/

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  4. Paulo Pereira ao seu melhor nível!
    Já não me surpreende.
    Brilhante !

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  5. O k esta corja precisava era de uns fundamentalistas para lhes chegarem a roupa ao pelo, é o k é.Saddam Hussein teve uma expressão para designar o k esperava os americanos no Iraque: "a mãe da todas as guerras!". Nós, portistas, não enfrentamos menos do k isso. Está em curso a "mãe de todos os ataques", destinado a eliminar de vez a hegemonia azul e branca deste país. Vale tudo, como nós temos vindo a denunciar, não só neste blog mas um pouco em toda a blogosfera de tendência portista. Por isso, Blue, nem em férias um gajo tem sossego:)

    ps: O pior, pelo menos para mim, vai ser com o aproximar da data de estreia do filme, Por muito que queira, não consigo ficar indiferente a este nojo cinematográfico, sabendo ainda por cima k por trás estão indefectíveis inimigos nossos, assistindo prazeirosamente a este lixo. Fico a ferver...

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  6. Viva !

    Tem piada este comentário, dum leitor, lido no diário "Libération" (edição on line)de hoje sexta 21 / IX / 07 !
    (www.Liberation.fr )

    flash.2002 Mourhinio viré
    Abramovitch en tant que oligarche "russe" qui a comme ses semblables spolié la richesse du peuple russe a bien fait de virer ce minable de Mourhinio qui malgré les milliards et les meilleurs joueurs du monde (et des cons aussi prétentieux que lui ) n'a réussi qu'à s'attirer les colères des vraiçs entraineurs et joueurs de la planéte foot vu son arrogance et son prétzendu savoir-faire. on le verra dans une autre équipe qui ne peut aligner tant de stars et on cverra qu'iln'est pas aussi capable qu'on veut bien le croire. Vendredi 21 Septembre 2007 - 12:36

    Conclusão após análise deste comentário: Não são os treinadores que fazem o Porto ! É o Porto quem faz os treinadores !

    Publiquei este comentário tal qual. Se houver crise quanto à tradução escrevam !

    Verifica-se que o nome do dito cujo é mal transcrito. Verifica-se que a mensagem em Francês fora as gralhas é correctamente escrita. E verifica-se que o leitor em questão não sabe, ou não quer saber, que Mourinho foi campeão europeu com uma equipa sem estrelas.

    Porquê ?

    Eu tenho pistas para respostas. E Vossas Senhorias ?

    E viva o Porto !

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