06 agosto, 2014

FORMAÇÃO Vs. CAMPEÃO (Parte I).

http://bibo-porto-carago.blogspot.pt/

O Portista dos novos tempos é algo que deveria ser objecto de estudo. Não só pelas reacções à lampião (como a das assobiadelas no jogo de apresentação) com que, de vez em quando, nos vai presenteando, como também com rápidas passagens do 8 ao 80 e vice-versa. Nos últimos anos, tem sido hábito criticar tudo e insultar de forma gratuita funcionários do clube, como treinadores bi ou tricampeões. Ainda ontem via um amigo criticar (e com razão, pois o FC Porto só perdeu um jogo em dois anos) um qualquer paineleiro por este considerar o que FC Porto só tinha sido campeão com Vítor Pereira por demérito do adversário directo (neste último ano essa lógica não se aplica na cabeça destes senhores, vá-se lá saber porquê!), quando foi prontamente lembrado por outro amigo que há Portistas a dizer o mesmo, até de dedo em riste!

Ora, um dos aspectos mais visados nas críticas destrutivas/gratuitas é, constantemente, a formação do clube. O desafio a que me proponho é fazer uma pequena análise ao futebol de formação do Futebol Clube do Porto. Como já aqui tenho escrito, considero fundamental que o FC Porto mantenha a sua mística, mantenha uma base de jogadores capazes de transmitir aos novos atletas o que é o Porto. Contudo, para que isso aconteça, não podemos ter como política exclusiva a promessa aos recém-chegados de uma futura venda astronómica para um clube com um poderio financeiro de um patamar superior.

Em primeiro lugar, há que clarificar o que é a formação de um atleta. Será ter o jogador desde os 7 anos, lançá-lo na equipa A e vê-lo acabar num clube cipriota ao fim de um ou dois anos, como vemos com acontecer com frequência na tão auto-proclamada melhor formação do mundo? Será moldar um jogador que chega com 17/18 anos e integrá-lo na equipa A com capacidade real de se afirmar?

A ideia do nosso clube é contratar os atletas o mais cedo quanto possível, graças a uma grande rede de Scouting espalhada pelo país. Se o menino estiver no nosso clube até aos sub-11/sub-12, é muito provável que o consigamos moldar ao que é pretendido no clube. Contudo, não podemos esquecer que, para todos os efeitos, James Rodriguez entra nas listas da UEFA como jogador formado no FC Porto, algo que, por exemplo, não acontece com Josué.

A nossa formação tem um modelo de jogo bem definido desde os escalões mais jovens, começando no futebol de 5 e futebol de 7. Posições específicas como a de guarda-redes (deixarei passar o defeso para me pronunciar sobre a questão do modelo de GR FC Porto) são trabalhadas desde tenra idade. Há até quem diga que há apenas 3 escolas no mundo a trabalhar como o FC Porto esta posição: Porto, Ajax e Barcelona.

Como qualquer pessoa que perceba minimamente de futebol compreenderá, para que um jogador atinja um patamar elevado, é necessário que vários factores se conjuguem. Entre eles, claro está, o talento. Aliado a este principal factor, vem ainda a capacidade mental, o apoio familiar/psicológico e… a sorte.

Como se avalia a formação? Pelos títulos? Pelo número de jogadores na equipa A? Pelo número de jogadores internacionais? Pelo número de jogadores a jogar na I Liga?

Esta é outra questão para a qual não há uma resposta clara. Na Parte II desta minha análise à formação, apresentarei alguns dados estatísticos para responder a esta questão. Deixando já a minha opinião, começo por dizer que, num clube como o FC Porto, o objectivo é formar a ganhar, pois é este o espírito do FC Porto. A lógica da formação é, naturalmente, ser capaz de fornecer jogadores à equipa principal. Contudo, nem sempre a falta de jogadores formados no clube na equipa A significa má qualidade da formação, como vou procurar explicar no próximo texto sobre o assunto. Para que isto aconteça, é fundamental haver quadros competitivos capazes de proporcionar o desenvolvimento do atleta. Será mero acaso a boa prestação das selecções jovens nos últimos campeonatos ou também consequência da alteração dos quadros competitivos nos sub-19? Quantos jogos perdiam os jogadores de uma equipa como o FC Porto desde os sub-13 até aos sub-19? Como saberiam esses atletas reagir a uma derrota numa fase final se se contavam pelos dedos as derrotas que tinham sofrido em toda a sua carreira?

Terminando esta Parte I da análise à formação do FC Porto, que não é mais do que uma introdução de questões para lançar a discussão e às quais procurarei responder no próximo texto, deixo já antever que começarei a Parte II com a análise do Projecto Visão 611.

Ficando-me por aqui nesta introdução ao tema, despeço-me com um grande abraço a todos os Portistas, cheio de confiança (não confundir com basófia ou facilitismo) para a época que está aí à porta.

1 comentário:

  1. anqueiroz13@gmail.com10 agosto, 2014

    E para que serve este artigo?
    O autor diz que vai mostrar, com estatísticas, que a formação do clube tem cumprido o seu papel de criar jogadores para a formação principal e cá estaremos para ler e apreciar os argumentos sendo certo que as estatísticas, como é sabido, servem sempre para se mostrar o que se quer. Pena é que não tendo querido desenvolver o seu raciocínio tenha perdido tanto tempo a criticar os que criticam as "verdades" oficiais! Seria magnífico que, 40 anos após o 25 de Abril, as pessoas fossem capazes de entender que criticar não é insultar e que a crítica não é negativa, muito antes pelo contrário e até que, na maioria das vezes, criticar é um ato de verdadeiro amor! Mas enfim!
    A principal, apetece-me dizer única, tarefa da formação é "fazer" jogadores para a equipa principal. Um-dois jogadores por fornada deveriam chegar e afirmar-se na equipa principal para o projecto ser válido e compensar.
    O que se passa? Na equipa principal do nosso clube não há um único jogador da formação e o último que conseguiu ser titular indiscutível no FC Porto foi Bruno Alves! Quanto anos já passaram?
    Duas razões, únicas, podem explicar isto: ou a formação não é capaz de trabalhar com qualidade, quer na captação, quer no trabalho ou mesmo nas escolhas que faz ou então são os treinadores da equipa principal que são incapazes de reconhecer os bons valores que as camadas jovens produzem e/ou não têm coragem para apostar nos jovens nacionais e sentem-se mais confortáveis em fazer as suas apostas nos atletas de nome estrangeiro vindos sobretudo da América do Sul.
    Na minha opinião, a realidade tem a ver com as duas explicações! A formação não tem produzido com qualidade suficiente e, mesmo aqueles que saem com qualidade, não são aproveitados pelos medíocres treinadores que têm comandado a nossa equipa!
    Pode ser, e espero ardentemente que isso suceda, que a chegada de Julen Lopetegui associada a uma fornada de grande qualidade da formação que inclui o excelente Rúben Neves, mas também outros valores como Rafa, Podstawski, Ivo, Gonçalo Paciência, Graça ou André Silva possa inverter esta tendência!

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